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Momento Uarevaa – Um Brinde ao Glauco

Para o mundo que eu quero descer.

Sexta-Feira costuma ser um dia feliz. O ultimo dia da semana, aquele que você espera ansiosamente pela chegada do final de semana.
Mas essa sexta começou de forma melancólica. E revoltante.



Glauco é um dos maiores nomes do cartunismo brasileiro, ao lado de Angeli e Laerte, entre outros. Glauco tinha o humor afiado e ácido que denotou tanto essa geração que cartunistas.


Em suas tiras, ele sempre pesou a mão em cima da critica a ingerência governamental, ao descaso político, a incopentência dos órgãos responsáveis, a hipócrita legislação brasileira.

Um dos melhores textos do humor brasileiro. Foi redator do TV Pirata e da TV Colosso, o melhor programa infantil ever.


Criou personagens marcantes como Geraldão, dona Marta, Casal Neuras e Doy Jorge.


Glauco fez sempre humor inteligente, inspirou uma geração de quadrinistas e fez um legado.

Esta madrugada, foi assassinado, ele e o filho, dentro de sua própria casa, numa tentativa de assalto e seqüestro. Morreu nas mãos da violência urbana que sempre criticou em suas tiras. Morreu pela ingerência, pelo descaso, pela incompetência, pela hipocrisia.

Glauco foi um ídolo de uma infância politicamente incorreta que tive, assistindo Dóris para Maiores, rindo das charges do Millor na Veja e lendo Piratas do Tietê, Casseta Popular e Geraldão.

Isso inspira um sentimento de revolta, claro. Mas apenas desperta-o, visto que ele deve existir a todo momento. Glauco foi apenas mais uma vitima do cenário em que vivemos. Um cenário onde nós somos os prisioneiros em nossas casas da violência que corre livre pelas ruas, ditando as regras da sociedade.

Lamento pela morte do Glauco. Lamento por vivermos em um país tomado pelo crime, pela impunidade, pela corrupção. Lamento pelo medo que temos ao sair de nossas casas todos os dias. E agora, até estando dentro dela. Lamento que os direitos humanos sejam feitos para os bandidos, não para as vitimas.
É difícil ter esperança em um país que se diz do futuro, mas que aparentemente apenas regride a um estado de caos e de terra sem lei.

Um brinde a Glauco, e seu filho, Raoni. Um brinde triste e revoltante.

Moura.

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