Descanse em Paz, Glauco

Glauco morreu. Se você o conhece, já deve saber disso. Se não conhece, melhor. Ao contrário dos posts de outros blogs e sites – e do próprio Uarévaa, que com justiça discorreram sobre como ele morreu, quem ele era e quais suas contribuições para a sociedade brasileira, vou apenas atentar para o único fato que você precisa saber: Glauco era um ser humano e morreu por conta de outro (s) ser (es) humano (s) que não quis (eram) ouvir o que ele tinha a dizer. E ele preferiu conversar a tentar qualquer outra coisa.


Glauco foi morto pelo sistema decadente que ele criticava. O mesmo sistema que constrói aparelhos extraordinários, que nos permitem cruzar distâncias e quebrar barreiras, mas que cada vez mais nos afasta uns dos outros. O mesmo sistema que nos torna cada vez menos humanos.

Mas a verdade é que já não somos humanos. Ser humano implica ter consciência e capacidade de discernimento. Também não somos animais, pois isso implicaria em apenas matar outros da mesma espécie em casos extremos. Não somos seres vivos, porque estar vivo significa entender o valor da vida. Nâo somos nada. Porque, não importa o quão indignados fiquemos com esse tipo de situação, não fazemos nada. Não fazemos nada, não queremos saber de nada. Fingimos que nada nos acontece. Fingimos que nada nos afeta. Vemos as coisas acontecerem através de janelas de vidro, de caixas eletrônicas, de fios que transmitem informações à velocidade da luz. Podemos ver tudo em tempo real, mas ainda assim não enxergamos nada. Não enxergamos que o que nos faz vivos é viver em comunidade. É entender a beleza do mundo, é compartilhar, é ser diferente. É estender a mão. é tentar entender, é conversar. Infelizmente, o que nos faz vivos é aquilo que está nos matando.


Dizem que Galuco Villas Boas morreu hoje, mas eu discordo. Suas obras continuam e suas memórias também, e enquanto alguém se lembrar dele, ele estará vivo. Glauco não morreu hoje. O que morreu foi a esperança.

P.S.: Desculpem o texto tão depressivo, mas sabem como é…

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