Aviador Noturno

“Nunca acredite no que publica.
E nunca publique o que acredita.”

Richard Dees – Vôo Noturno


Tema Macabro:

Stephen King é um dos maiores nomes da atualidade quando se fala em Terror, quer as pessoas gostem ou não. Logo, não há como evitar que ele apareça nesta coluna de tempos em tempos. Mas um dos maiores problemas das obras de Stephen King não estão na qualidade (ou não) das histórias, e sim em suas adaptações para outras mídias.

Digo isso porque, quando um grande número de obras do autor são adaptadas para outras mídias e o saldo geral é bem negativo. Com algumas poucas exceções, como o seriado The Dead Zone e a adaptação de A Coisa, é claro, mas é fato que há muito mais lixo do que boas adaptações.

Os motivos para isso são diversos, e vão desde o fato de alguns livros do autor se encaixarem muito bem em literatura, mas serem complexos demais para o cinema/TV até o mais óbvio, que o nome “Stephen King” hoje se tornou sinônimo de lucro para os estúdios e estes compram os direitos dos livros apenas para poderem usar os títulos das histórias em produções que pouco ou nada tem a ver com as obras originais.

Mas, entre as obras mais conhecidas de Stephen King, encontram-se também seus contos, histórias curtas lançadas em coletâneas que são tão bem vistas pelos fãs do autor quanto os próprios livros. Apesar de Hollywood tentar pegar estes contos, geralmente bem curtos, e estendê-los em produções de duas horas (como no caso do recente 1408), tendo resultados muitas vezes desastrosos, às vezes eles acertam. É o caso da produção “The Night Flyer” (traduzida aqui como “Vôo Noturno“), que consegue ser até melhor que a obra original (e sendo considerada por muitos a melhor adaptação de uma obra do autor).

The Night Flyer é uma história curta (aqui conhecida como Piloto da Noite) que faz parte da coletânea Pesadelos e Paisagens Noturnas, e conta a história do repórter Richard Dees, que trabalha para o Inside View, um tablóide sensacionalista (como os que aparece no filme Homens de Preto, que traz sempre as histórias mais bizarras do tipo “Invasão Alienígena no Pólo Norte”, onde se discorre sobre a teoria de que os pingüins são mais inteligentes que os homens), cuja mais nova investigação se dá na busca por um assassino que trafega entre pequenos aeroportos em uma aeronave de pequeno porte (um Cessna 337), cometendo crimes de forma bizarramente não ortodoxa, o que leva o jornalista a pensar que se trata de um homem que acredita – ou quer fazer acreditar – ser um vampiro. A partir daí, a busca leva Dees a uma jornada que pode não ter volta.

A história do conto “Night Flyer” foi adaptada para uma produção cinematográfica em 1998 e segue fielmente a história original, com exceção da inclusão de uma nova repórter do tablóide que ameaça a posição de Dees no trabalho.

Não só o conto, mas todos as história de Pesadelos e Paisagens Noturnas vale muito a pena. E o filme, “Vôo Noturno” é uma ótima pedida para quem busca uma história de vampiros mais criativa e original (e que não faça parte dessa nova onda vampiresca atual).

Curiosidades:
– O repórter Richard Dees já aparecera antes em outra obra de King: No livro “A Zona Morta”, que deu origem à série “The Dead Zone”;
– O personagem que dá nome a outro conto de Stephen King da mesma coletânea, Popsy, pode ser, segundo o próprio autor, o aviador noturno de “Night Flyer”;
– O conto “The Night Flyer” foi publicado pela primeira vez em 1988, como parte de uma coletânea de horror Prime Evil: New Stories by the Masters of Modern Horror, que conta com diversas histórias curtas de vários autores, incluindo Whitley Strieber e Clive Barker.

Na próxima Madrugada:
Um dos maiores – senão o maior – mestres dos quadrinhos de terror nacional finalmente tem sua homenagem por aqui. Na próxima semana, Eugenio Colonnese.

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