Uaréview
Por Marcelo Soares
Todo mundo tem sonhos, tem desejos, quer sempre ser algo que não é ou que admira. Quando somos leitores de histórias em quadrinhos muitos dessas vontades se espelham no que vemos nos tais gibis. Heróis fantasiados com seu caráter incorruptível, sacrifício pessoal, altruísmo extremo, características que se perderam no tempo, na correria do dia-a-dia e no crescimento do egoísmo e individualismo capitalista pós-moderno. São pontos opostos a esses de que se trata Defendor.
O filme, com direção de Peter Stebbings e Woody Harrelson como protagonista, conta a história de Arthur Poppington, um homem comum que cria em sua mente um alterego chamado Defendor. O personagem imaginário vai em busca de seu inimigo, o Capitão Indústria, todas as noites. Durante a jornada que o herói inicia, ele se envolve com a prostituta Katerina e inspira outras pessoas. Nessa jornada, Defendor mostra a pessoas próximas e a desconhecidos que se pode fazer a diferença mesmo sendo uma única pessoa.
A obra é classificada como comédia, mas eu discordo dessa conceituação. Para mim, é um drama sobre alguém com óbvios problemas mentais que mesmo assim é mais são e consciente que a maioria ao seu redor e sofre por conta de seu caráter. Falam que Kick Ass é a mostra perfeita de como seria um super-herói no mundo real, porém, é um mundo real caricato e fantasioso. Defendor mostra um mundo real como é: cruel, frio e cheio de defeitos, onde a esperança é algo quase perdido e onde um único homem, frágil e perdido, com coragem, foi capaz de resgatá-la.
Nele vemos bem carregado os ideais heróicos dos quadrinhos, me lembrando muito o conceito por traz do Superman – a esperança que um homem só traz – e também usado por Nolan em Batman Begins e Cavaleiro das Trevas, dito pelo comissário Gordon ao morcego de como ele estava trazendo esperança a cidade. Talvez esteja aí um dos motivos importantes de existência de um herói, mas do que os atos físicos ou reais que ele possa causar: dar esperança aos seres “comuns”, fazer com que eles percebam que não é preciso ter uma fantasia para se fazer o bem, ajudar os outros e ser mesmo um herói.