Uaréva! Cinema,Freud,Freud Explica,Livros,Sci-Fi Qual a diferença entre o filme e o livro do Blade Runner?

Qual a diferença entre o filme e o livro do Blade Runner?

(Pergunta feita pelo leitor Renver)

E ai pessoal!! Freud Explica na área, aproveitando a pergunta do Renver pra poder falar de um filme e um autor (Philip K Dick, o autor do livro) que estão entre meus favoritos.

Clica ai no leia mais, seu replicante, e vamo nessa.

A diferença entre livro e filme já começa pelo nome: Blade Runner é um nome que não aparece em momento nenhum no livro (exceto pela capa de edições americanas que usaram o poster e o nome do filme para promover o livro).

O nome do livro original, no qual o filme é baseado, é “Do Androids Dream of Electric Sheep?”, que pode ser traduzido literalmente como “Será que andróides sonham com ovelhas elétricas?”.

Capa da edição original, de 1968
MÁ QUE PORRA DE NOME É ESSE?

Calma, padawan, que eu explico. Um dos temas do livro que foi muito diminuido no filme (pra não dizer excluído) é a valorização de animais de estimação de verdade, uma vez que no futuro MUITOS animais estão extintos e outros em vias de extinção.

Existem “animais andróides” disponíveis à venda, tão iguais aos originais que é difícil distinguir, porém ter animais de verdade é motivo de orgulho na sociedade, sonho de consumo e, porque não, um medidor de status. O nome do livro faz referência a esse tema. No Brasil adotou-se o título “O caçador de andróides” para o livro (que também foi usado como subtítulo do filme aqui).

A premissa básica do livro e do filme é a mesma: num futuro pós-apocalíptico, Rick Deckard, um caçador de recompensas é designado para encontrar e eliminar um grupo de andróides que escapou de uma colônia fora da Terra e fugiu para cá.

Mas, embora algumas cenas do filme tenham sido extraídas diretamente do livro (dá para notar alguns diálogos iguais aos do livro), as obras tem grandes diferenças entre si:

– Pra começar, a própria motivação de Deckard: no filme o “Blade Runner” já abandonou esse tipo de trabalho e reluta antes de pegar o serviço. No livro, Deckard não hesita em aceitar a empreitada, já de olho na recompensa que pode ser usada para substituir sua ovelha elétrica (aquela, do título) por um animal de verdade.

– No livro Deckard tem um casamento problemático e sua esposa, Iran, é depressiva e insatisfeita com o trabalho do marido (mas isso não impede ele de, assim como no filme, dar uns pegas na andróide Rachel… SAFAAAADO!!!).

– Muitos avanços tecnológicos mostrados no filme aparecem no livro, como os carros voadores e o teste de empatia Voigt-Kampff, mas o computador Esper, que analisa fotos, tem apenas no filme. No livro há um “indutor de estado de espírito” chamado Penfield e a “Caixa de empatia”, um aparelho que permite uma espécie de comunhão numa religião chamada Mercerismo (outro tema importante do livro excluído no filme).

– O livro tem alguns personagens e subtramas interessantes não-utilizadas no filme, entre as quais destaco a que envolve uma força policial, totalmente desconhecida por Deckard, que age em paralelo a que ele considerava oficial, e o captura.

– No livro, os andróides são muito menos ameaçadores do que no filme, onde lutam com todas as forças pela vida e realizam feitos atléticos e acrobáticos superiores aos dos humanos.

– A famosa discussão sobre Deckard ser ou não um replicante acontece também no livro, porém com um desenvolvimento bem diferente. Deckard inclusive chega a se submeter ao teste Voigt-Kampff para ter certeza se é humano ou andróide.

Dizer mais entregaria informações que atrapalhariam a leitura do livro. Na minha opinião o filme e o livro se completam, embora o filme tenha tomado tantas liberdades na adaptação que pode-se considerar uma obra a parte do livro, apenas levemente baseada.

O filme tem vários grandes momentos não presentes no livro (incluindo a bela fala final do replicante Roy Batty, que foi criada na verdade pelo ator Rutger Hauer) e um visual e trilha sonora envolventes e inesquecíveis.

Por outro lado, o nível de detalhamento no livro, os diversos temas a mais, o mundo singular criado por Philip K Dick e os questionamentos sobre o que é real (sempre presentes em suas obras) fazem do livro uma obra que merece muito ser conhecida.

Ao lado, a capa da edição que eu tenho, lançada de 2007 pela Editora Rocco.

ISBN: 8532522203
Ano: 2007
Páginas: 256
Dimensões (A x L x P): 23,00cm x 16,00cm x 1,00cm
Preço: Normalmente R$ 36,00

Houve pelo menos uma edição antes dessa por aqui, pela Editora Francisco Alves, que pode ser achada em sebos.

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A.K.A. Freud

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