Uaréva! Uaréview Uareview: Blood Machines

Uareview: Blood Machines


Sinopse: O filme acompanha a jornada de dois caçadores do espaço que perseguem uma nave que está a tornar-se inteligente e autônoma. Nesta aventura testemunham um fenômeno místico, onde o fantasma de uma jovem mulher escapa da alma. O duo de caçadores rapidamente inicia uma perseguição pelo cosmos para perceber a sua natureza. Autointitulado uma Ópera Cósmica.

Blood Machines surgiu de um clipe chamado Turbo Killer, produzido pela mesma dupla do longa, Seth Ickerman e Carpenter Brut. O vídeo feito com baixo orçamento e equipe reduzida tornou-se popular online e permitiu uma campanha no Kickstarter para a produção do filme.

Dividido em três partes, a produção peca em uma contextualização da história, a qual mais meia horinha poderia promover melhor que só uma cartela de introdução, além de atuações bem fracas. Mas, compensa muito com um grande apuro técnico em efeitos visuais e trilhas sonoras hipnotizante,

Ickerman aqui se mostra bastante preocupado em impactar com suas cores intensas e composições imagéticas saídas de um delírio de ácido dos anos 80, com seus neons, estética space ópera degradada e sintetizadores na trilha feita por Carpenter. Não será nada surpreendente se ao fim você quiser por algumas cenas em quadros na parede.

Posso estar engano, mas, compreendi que o longa contém exibição constante de nudez feminina não em um contexto sexualizado, e, sim, exibindo o nu como algo natural da mulher – mesmo sendo almas de máquinas no contexto.

Além disso, sinto um subtexto de embate à misoginia masculina, histórico de maus-tratos e desdém para com as mulheres e, obviamente, toda uma questão religiosa cristã envolvida nisso  – com, inclusive, caráter de bruxaria em rituais e vestimentas. Entretanto, como é uma obra ode aos tempos oitentistas, produzido por dois homens, isso tudo que disse pode muito bem ser algo não proposital.

Enfim, é uma obra que busca homenagear um estilo bem específico de produção cultural que para os fãs, como eu, de ficção científica se torna um deleite.

Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)

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