Hoje não tô com saco pra rodeios, então vamos direto ao que interessa. Importei essa semana o primeiro episódio especial de uma hora de Young Justice e vou dizer pra vocês: tem um potencial do baralho.
Fiquei bem interessado quando vi a primeira noticia sobre a animação. Sabemos que a Distinta Concorrencia sempre mandou muito bem quando transporta seus personagens para os cartoons, e logo me empolguei.
E não me decepcionei.
A começar pela qualidade da animação. O estilo do universo de Bruce Timm está ali, mas aperfeiçoado e com uma pequena influência dos desenhos japoneses.
Não, não se preocupem, nada a ver com as viagens lisérgicas de Teen Titans. Aliás, esqueça totalmente Teen Titans. A influência se limita aos traços e ao estilo. A animação finca bem o pé na tradição americana de produção. O desenho é ágil, bem feitíssima e não consigo apontar defeitos quanto a ela.
Alias, essa evolução dos traços dos desenhos animados da DC é bem clara se acompanharmos os filmes animados desde o fim de Justice League Unlimited.
O roteiro é rápido e bem envolvente. Nada de firulas desnecessárias e nem situações bobocas. Tudo flui muito bem, levando a história do começo ao fim sem grandes furos.
E enfim, os personagens.
A animação ganha muitos pontos ao focar nos jovens sidekicks (que detestam ser chamados assim).
Inicialmente conhecemos Robin, Kid Flash, Aqualad e Ricardito. Cada qual com seu mentor, enfrentam uma ameaça e depois de reunem na Sala de Justiça, totalmente importada do desenho dos Superamigos. Os quatro jovens heróis tem caracteristicas próprias que os diferem bastante dos seus tutores. Principalmente o Aqualad, mas falo disso depois.
No episódio ficou bem claro a importância da Liga da Justiça nesse universo. Os heróis são vistos como celebridades e seus parceiros mirins os idolatram. São mestres literalmente ensinando a nova geração. Entretanto os heróis ainda não confiam totalmente no potencial de seus pupilos, o que os deixa irritados, principalmente Ricardito, que herdou tal e qual a personalidade explosiva do Roy Harper dos quadrinhos. Os adultos querem manter os jovens vigilantes a salvo, permitindo a eles apenas missões quando estão presentes.
Refletindo bem a urgência adolescente, os sidekicks se mostram muito incomodados com as restrições a dependência que a Liga coloca sobre eles, e é aí que a história começa. Indignados por terem sido deixados em uma área praticamente aberta a visitação publica enquanto os efetivos partem em uma missão, o trio (Ricardito mandou todo mundo a merda e se mandou quando viu que eles não integrariam a equipe principal) parte em uma missão propria que acaba os levando ao Projeto Cadmus e ao resgate do recém criado Superboy.
A missão se mostra muito bacana quando vemos que apesar de terem atitude e treinamento, os garotos ainda não tem a experiência necessária, e, mesmo obtendo sucesso, passam por perrengues enormes para chegar ao seu objetivo. Cada fraqueza ou limitação dos personagens é bem trabalhada, sem em momento algum parecer forçada.
Os protagonistas tem suas personalidades bem desenvolvidas na trama. O roteiro se aproveitou do fato deste ser outro universo sem amarras obrigatorias com a continuidade original das HQs e trouxe um belo mix, renovando bem as caracteristicas de cada um.
Robin é Dick Grayson e Flash é Wally West, mas só sei isso pois li a descrição na internet. Apesar disso, ambos trazem traços muito fortes de Tim Drake e Bart Allen.
Robin aqui não é o lider, e, inclusive, parece ser o mais novo do grupo. E pela primeira vez foi colocado em um desenho de forma a ser util e interessante. Se o Robin de Teen Titans era soturno e quase uma copia do Batman, em Young Justice ele carrega uma independencia maior da Morcega, inteligencia acima da média, alguns apetrechos tecnologicos fodas e piadas sarcasticas a cada minuto, detalhe que creio tenha sido inspirado no mais novo Robin, Damien. O Dick aqui é altamente impetuso e ácido.
Kid Flash é o engraçadinho meio bobo e tagarela. Aqui temos realmente um Wally West de JLU mais novo. KF ainda não tem grande dominio de sua supervelocidade e não consegue ficar calado um segundo sequer.
Aqualad conseguiu um feito impar: o personagem totalmente bucha some frente a um totalmente novo. Inspirado obviamente no novo Aqualad das HQs, esse novo heroi não consegue apenas conversar com peixes. Suas tatuagens liberam uma grande quantidade de energia, ele tem duas manoplas que criam armas poderosas, e força fisica suficiente para encarar Superboy na porrada. Ele é o mais centrado do grupo, um tanto hesitante e muito responsável. Alias, na cena inicial dele, logo vemos que ele é muito mais foda que Aquaman.
Por fim, Superboy é completamente diferente do heroi que conhecemos em O Retorno do Superman. Ele foi criado como uma arma e, ao contrario de sua origem em celulose, aqui ele é um garoto ainda confuso com o mundo em que vive. E o mais bad ass do quarteto formado. Enquanto nos quadrinhos o heroi detestava ser chamado de “Superboy”, aqui ele não aceita ser tratado como “it”. Não aceita receber ordens e tem, inadvertidamente, uma grande espectativa pela forma que o Superman – seu pai genetico – irá recebê-lo.
Os herois adultos aqui são coadjuvantes, mas tem vital importancia na trama. Se tudo é visto pelos olhos dos parcerinhos mirins, seus mentores ganham ares muito mais grandiosos.
Os que mais tem destaque na trama são Batman – que é o Batman de sempre, mal humorado, fodão e controlador -; Flash – Barry Allen, mas praticamente uma releitura do Wally de JLU -; Aquaman – o merdão de sempre -; Arqueiro Verde – com algumas de suas tiradas clássicas -; Jonn Jonnz – numa versão bem mais assustadora e condizente com a natureza do marciano -; e, claro, Superman – que aqui é elevado a categoria de realmente o maioral entre os herois, causando um impacto enorme e grande respeito toda vez que aparece.
Mulher Maravilha, Hal Jordan, Gavião Negro, Mulher Gavião, Capitão Marvel, Capitão Átomo, Zatara e vários outros tem participações de relance, mas a cena final com a chegada de toda a Liga é realmente espetacular e exprime toda a grandiosidade que aquelas pessoas tem para os jovens que tanto querem se equiparar a eles.
E é nisso que a nova série ganha – mudando finalmente o foco da visão deste universo dos já consagrados herois para aqueles que querem chegar lá um dia. A Liga da Justiça deste universo é um Olimpo a ser conquistado, uma força mundial com renome e respeito, e chegar a integrar as suas fileiras será um desafio para o pequeno grupo adolescente.
Enfim, mais episodios só em 2011, mas vale a pena conferir e, muito provavelmente, valerá acompanhar a trajetória destes garotos.
O final deixa claro que Tornado Vermelho, Canário Negro e Batman terão muita importancia na serie, assim como eu creio que Superman terá, ao ter que aprender a se relacionar com seu recém criado irmão caçula.
Mal posso esperar para ver o vazio deixado pela incrivel série da Liga preenchido por uma nova visão deste mundo.
Até o próximo episódio.