Sinopse: Em uma versão atual alternativa de Oakland, o atendente de telemarketing Cassius Green (Lakeith Stanfield) descobre uma chave mágica para o sucesso profissional – o que o impulsiona a um universo macabro.
O racismo no mercado de trabalho, exploração da mão de obra, guerra de classes, precarização, corporativismo empresarial-político, visão da elite branca sobre os negros, pertencimento e tantos outros temas são trabalhos nessa obra sarcástica, metafórica e cruelmente realista.
Boots Riley, roteirista e diretor, mira seu discurso nas relações de trabalho numa América racista que vê os negros somente como “cavalos” para serem usados para dar mais lucro. Partindo de uma discussão bem forte sobre uso de uma “voz de branco” para poder ter oportunidades e estar dentro dos centros financeiros, o longa constrói uma escalada que chega até a surrealidade fantástica para, com bom humor, expor as feridas do cenário que aborda.
O longa conta com a atuação de Lakeith Stanfield (Atlanta), Tessa Thompson (Thor: Ragnarok), Steven Yeun (Walking Dead), Terry Crews, Omari Hardwick, Armie Hammer e Danny Glover. Todos estão ótimos em seus papéis e funções dentro da história, principalmente o Lakeith que segura bem as pontas de mudança de pensamento e fases do seu personagem, Cassius Green .
Na questão técnica temos uma direção afinada com sua cenografia e fotografia, tríade que realça bem os contrastes dos ambientes e das classes sociais, nos dando bem os tons de superficialidade e urbanidade aos quais o filme discursa.
Desculpe… é uma obra fascinante por seu apuro em colocar na tela discursos e mensagens, muitas em detalhes de cenários e figurinos, de como é ser negro na América e discussões acerca da futilidade e espetacularização na sociedade.
Como alguns críticos apontaram, um ótimo afro-punk revolucionário que aponta que “vencer na vida” não deve ser só para uma elite “abençoada” com dons, mas pode ser feita de forma coletiva e igualitária.