Uaréva! Uaréview Uaréview: Justiceiro (Season 02)

Uaréview: Justiceiro (Season 02)


Sinopse: O crime não dura quando Frank Castle está por perto. O veterano de guerra é impiedoso na sua guerra contra malfeitores, alimentada pelo ódio gerado quando sua família foi pega no fogo cruzado durante um tiroteio entre mafiosos. Depois de vingar-se contra seu ex-melhor amigo, Castle tenta uma vida longe de Nova York, mas se vê envolto em uma conspiração de assassinato ao salvar a vda de uma garota.

Independente se você gosta ou não do seriado do anti-herói da Marvel, uma coisa deve ser consenso entre o público: Jon Bernthal realmente nasceu para ser Frank Castle. O ator construiu desde sua participação em Demolidor um Justiceiro bem próximo do visto nos quadrinhos, mas, também, com nuances e tiques bem interessantes que acrescentam bastante ao personagem.

A segunda temporada do seriado se mostra melhor estruturada que a primeira e, assim como a terceira de Demolidor, desenvolve bem melhor suas tramas, coadjuvantes, e ameaças paralelas. Ainda tem o inchaço de 13 episódios, que acarreta em desperdícios de personagens, mas já tem bem menos “barriga” que o normal.

É uma pena que Justiceiro não seja a fechada com chave de ouro das séries da Marvel na Netflix, ainda tem Jessica Jones que, convenhamos, é legal, mas sempre irregular. Provavelmente não teremos uma S03 e seria ótimo podermos ver a caveira aterrorizando de vez como nos quadrinhos.

Inclusive, muitos reclamam de como o seriado foge dessa visão normal do personagem e compreendo as reclamações. Eu gosto da abordagem anti-ciclo de violência, debatendo as questões de traumas e o fio de esperança para uma vida mais feliz e sem tantos problemas psicológicos para o nosso anti-herói.

Ainda acho que ter obrigatoriamente 13 episódios faz com que os produtores não queiram passá-los direto no Castle só matando bandidos sem questões e dramas pessoais, o problema é que acabam não acertando a mão completamente na hora de fazer isso.


SPOILERS

O “Retalho” nessa temporada tinha um drama inicial legal, afinal, colocá-lo sem memória e trabalhar a questão da identidade e visão que o personagem tinha de si mesmo é algo realmente interessante de explorar, porém, esse plot se arrasta pela temporada inteira e não precisava. Aliás, quando ele cria o grupinho de militares dele podia ter ido para a porra louquice com todo gosto e virar algo, aí sim, sanguinário a la Garth Ennis.

Esse ponto, assim como a relação de pai e filha que Castle desenvolve com sua protegida, a construção de reação a traumas que todos os coadjuvantes demonstram, além da crítica pontual as megacorporações e religiosos de fachada que usam os outros para seu benefício próprio, demonstram como a série não é perfeita, contudo, tem conceitos bem interessantes e merecia mais consideração de quem assiste.

Se houver uma terceira temporada acho que, agora sim, poderia ir para o gore estético e a simplicidade de mini arcos típicos dos quadrinhos do personagem. Afinal, ao fim da season, Castle abraçou de vez seu lado obscuro e empunhou novamente a caveira, uma catarse necessária e contida desde sua ponta no seriado do demônio de Hells Kitchen.

Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)

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