A COBRA VAI LUTAR!
Por Luiz Modesti
34 anos se passaram desde que vimos Daniel Larusso e Johnny Lawrence lutando pela última vez. Agora, a Sony e o YouTube Red trazem de volta, envoltos em um mar de nostalgia, essa história que foi tão importante na vida de muita gente. Mas, valeu a pena?
Para começar, temos de lembrar sobre o que o filme original tratava. Com esse nome, “Karate Kid”, achou que o filme é sobre luta?
CONTÉM SPOILERS!
Tanto o filme quanto a série Cobra Kai falam de crescimento. Usando a metáfora do Bonsai, de que a árvore vai crescer dependendo da forma em que for podada, a série começa mostrando como estão Lawrence e Daniel nos dias de hoje.
Enquanto o antigo aluno número 1 da antiga academia Cobra Kai vive hoje como zelador (assim como o Sr. Miyagi no início do primeiro filme), Daniel é dono da maior rede de revenda de carros de Encino. Johnny vive sozinho, como um ”White Trash”, separado de seu filho e da ex-esposa, a base de cerveja e junkie food. Daniel tem hoje uma família digna dos comerciais de margarina. Uma casa linda, com esposa e um casal de filhos. Enquanto Daniel vive o sonho americano, Johnny está na sarjeta.
Após perder seu emprego e defender um garoto, Miguel, que apanhava de um grupo de bullings, Lawrence decide reabrir a academia que foi tão importante pra ele. Já Daniel, apesar de estar tão bem estabelecido, é uma pessoa bem menos equilibrada do que antes, e a notícia da volta da academia rival o tira dos eixos.
A partir daí, seguimos com o filho de Lawrence, Robby, que influenciado por más companhias se envolve em pequenos crimes e drogas; Samantha, filha de Daniel, que apesar de bem educada se deixa levar pela ânsia natural de ser popular e se junta às meninas ricas e esnobes do colégio; e Miguel, que passa a viver sob o lema da Cobra Kai:
Bata primeiro
Bata forte
Sem piedade.
Aplicando esses conceitos em sua vida, se tornando uma pessoa mais confiante e deixando de lado a timidez, Miguel influencia seus amigos a também se tornarem alunos de Lawrence. Enquanto isso, após uma tentativa de reaproximação frustrada de seu pai, Robby, como vingança por ter se sentido abandonado por tantos anos, se aproxima de Daniel e acaba se tornando seu aluno.
O que vemos nessa série é uma história de legados. Lawrence assumindo o manto de mestre da Cobra Kai e tem um primeiro impulso de ser um mestre severo e violento como Kreese foi. Mas, ao perceber a diferença que seu ensinamento faz na vida dos alunos acaba se vendo refletido neles e muda sua postura. Daniel, após muitas decisões intempestivas que comprometeram sua vida familiar e profissional, tenta buscar de volta no Karatê e nas lições passadas pelo Mestre Miyagi um caminho para se reequilibrar. Ambos tentam alcançar a redenção.
Pelo seu formato, 10 episódios de meia-hora, a série tem poucas barrigas. Não é cansativa e facilmente da pra maratonar. Eu assisti a série como se fosse um grande filme. Pra quem não é tão ligado aos filmes vale por ser uma série bem produzida, com o elenco muito bom. Para quem, como eu, teve sua vida marcada pelas lições de Miyagi, a série é OBRIGATÓRIA!
Cobra Kai é a legítima continuação que Karatê Kid merecia. Nada contra o filme de 2010 e tudo contra a Karatê Kid 4 (com a Hilary Swank, lembra?), mas o espírito do filme dirigido por John G. Avildsen está forte nessa série. Cabe destacar o quinto episódio, “Counterbalance”, que tem uma emocionante participação do Mestre Miyagi e termina com uma linda homenagem a Pat Morita.
Ralph Macchio e William Zabka também assumem como produtores, enquanto Josh Heald (A Ressaca 2), Jon Hurwitz (American Pie: o Reencontro) e Hayden Schlossberg (American Pie: o Reencontro) são responsáveis pelo roteiro. Ainda não se tem informações sobre uma segunda temporada, mas o que se sabe é que somente com uma temporada uma coisa já podemos dizer:
COBRA KAI NEVER DIES!
