Uaréva! Uncategorized Review do Crossover INVASÃO parte 4 –  Legends of Tomorrow (COM SPOILERS)

Review do Crossover INVASÃO parte 4 –  Legends of Tomorrow (COM SPOILERS)


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Enfim chega o encerramento de Invasão!, e o fim da saga se dá na caçula das séries DC/CW, Legends of Tomorrow.

Os empecilhos colocados pela galerinha do cinema da Warner acabaram atando um pouco as mãos da CW. Medalhões como Superman, Batman, Mulher Maravilha e Lanterna Verde estavam fora do alcance das produções do canal para que houvesse alguma expansão do universo de Arrow, e mesmo personagens não tão conhecidos, como o Pistoleiro e Amanda Waller, precisaram ser sacrificados em nome de suas versões cinematográficas. Isso fez com que a produção dos shows tivesse que rebolar na criatividade para poder trazer novos personagens. Elektron, Gavião Negro e Mulher Gavião, Onda Térmica, Nuclear, Rip Hunter, Canário Branco (totalmente reformulada), Capitão Frio… o canal precisou cavucar em personagens que dificilmente ganharão um filme para criar sua própria Liga da Justiça. Que, logicamente, não poderia receber esse nome tampouco. Assim nasceu a primeira temporada de Legends of Tomorrow.

A primeira temporada teve uma série de problemas de qualidade, que foram relativamente sanados na segunda. A eliminação de personagens que não deram certo – os Gaviões e Rip Hunter – e a adição de novos – Cidadão Gládio e Vixen – além de um maior foco em missões independentes ao invés de uma grande missão na temporada trouxeram frescor ao programa, e uma dinâmica muito mais divertida.

Depois dessa longa introdução, retornemos ao episódio.

Começo dizendo que a estratégia da CW, de dar a Supegirl apenas uma cena pós créditos, tornar Flash um epílogo e Arrow em um tie-in causou um problema sério para o episódio final. Como pouco dos Dominions ou da Invasão em si foi trabalhada nas 3 primeiras partes do crossover, o capítulo final precisou desenvolver finalmente o plano dos invasores e ainda apresentar a resolução. O resultado foi um episódio corrido e com as já clássicas saídas fáceis da CW.

Novamente, como já citei nos outros reviews, fica valendo o fanservice das relações entre os heróis. Algumas são absolutamente acertadas. Colocar Cisco e Felicity viajando no tempo com Gládio, Vixen e, principalmente, Onda Térmica, foi uma saída de gênio. Pra começar, Rory interagindo com qualquer personagem sempre é muito legal. E segundo, a dupla do T.I. junta gera os diálogos mais sensacionais. Como é bom lembrar o quanto Felicity era uma personagem legal antes de ser destruída ao virar par romântico de Oliver Queen, e o quanto ela combina muito mais com o elenco de The Flash. Gostaria de ver essa dupla com mais frequência. Entretanto, e falando do Arqueiro, outras interações soaram forçadas pra caramba. Estou falando do Oliver e de Kara, a Supergirl. Na intenção pura de emular entre eles o relacionamento entre Batman e Superman, Oliver tira DO CU uma desconfiança sobre a garota de aço. Ele faz um discurso bem do besta falando que precisa que ela se afaste pois ele precisa traçar uma linha entre o que é normal. Sério, roteiristas? Isso é o melhor que vocês conseguem fazer?

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Outro problema do crossover foi o desperdício de tempo com subplots que pouco importavam, mas como já comentado, acredito que o do Dr. Martin Stein é a exceção. O surgimento da sua filha, alterando a linha do tempo, ao menos se encaixa dentro da trama geral. Não faria falta, mas ao menos não parece descolada do restante.

O conceito principal de Legends of Tomorrow afinal, é viagem no tempo, e o roteiro inteligentemente consegue colocar isso na Invasão, quando eles retornam para um evento passado à fim de sequestrar um espécime Dominion. Novamente temos dois momentos aqui, e um é dispensável. Se a ação com os integrantes de Legends é boa e faz jus ao entretenimento da série, poderíamos ficar muito bem sem a sessão de terapia de Felicity e Cisco dentro da Waveryder. A propósito, vi muita gente reclamando do uniforme do Cidadão Gládio. Porra! É uma série de super-heróis! Eles tem que ter uniformes coloridos. Isso não é Heroes! Eu achei muito fodástico.

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Aliás, como assim você, agente secreto, prende os heróis na mesma sala que seu alienígena capturado? Como assim o Gládio não consegue arrombar as paredes de concreto? Ah, sim, uma linha de diálogo conveniente explica.

Falando em diálogo, finalmente descobrimos que sim, a motivação dos Dominions aqui é a mesma da saga dos quadrinhos: o crescimento exponencial de metas na Terra preocupa a raça alienígena, que vê a Terra como uma ameaça iminente. Isso foi legal pois une não só a explosão do acelerador de partículas em The Flash, causados da proliferação de meta-humanos no planeta, como também a Sociedade da Justiça e Flashpoint. Isso foi muito válido – a alteração no tempo causada por Barry Allen alertou os extraterrestres da grande ameaça que esses poderes podem trazer.

E ponto: que foda ver a equipe da assistência técnica resgatando os super heróis!

Um personagem ficou nas sombras durante todo o crossover. Um misterioso agente do governo, que no passado também capturou as Lendas do Amanhã. Esse personagem é um caso à parte. Não digo que sua presença é desnecessária – apesar de que sim, é – mas a forma como ele foi desenvolvido ficou bem nhé.

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Não aprendemos seu verdadeiro nome, mas muitos estão achando que ele é King Faraday, um clássico personagem da DC Comics. Entretanto na série ele é chamado de Agente Smith, que pode realmente ser seu nome, o que acabaria com a teoria, ou apenas uma piada da Supergirl com Matrix.

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O meu problema com ele é que ele representa o que mais me irrita nas séries da CW. Por algum motivo que eu ainda não consegui descobrir – nenhuma entrevista com os showrunners levanta essa questão – os roteiristas não dão a mínima importância pela identidade secreta dos heróis. Na Marvel isso é normal, poucos heróis tem suas identidades escondidas. Mas na DC isso é uma característica muito forte. A segunda vida dos heróis, comum e mundana, contrasta com sua persona quase divina. Mas no universo da CW, basta lembrar, praticamente todos os inimigos principais do Flash e do Arqueiro Verde acabam sabendo a identidade dos heróis, assim como em Supergirl aparentemente só Cat Grant não conhece o segredo da heroína. Isso pra não falar de Legends, em que a identidades não são minimamente escondidas. Barry e Oliver não pagam imposto pra tirar a máscara na frente do primeiro estranho que aparecer na frente. Alguém consegue me dizer o porquê dessa decisão criativa?

Enfim, o tal agente Smith se refere ao Flash como mister Allen, revelando saber a identidade do herói escarlate. SE isso valesse em algo pra trama geral, eu aceitaria de boa. Mas ele saber que o Flash é o Barry não tem a menor importância para o andamento da trama, então parece só servir para os roteiristas reafirmarem que não dão a mínima para esse detalhe tão importante dentro do universo DC. Aliás, não só do Flash né? O agente chega em uma cena em que todos os heróis estão em suas identidades civis, em um lugar em que eles acabaram de receber prêmios em suas identidades heroicas. Digo, se um jornalista voltasse, as identidades de todo mundo estaria na primeira página dos jornais. É ou não é os roteiristas dizendo “esse negócio de identidade secreta é uma bobagem e só mantemos porque somos obrigados. Mas não vamos perder um minuto nos importando com isso”?

O lance é que todo o drama sobre Flashpoint e as mudanças causadas pelo Barry se mostram importantes no desenrolar do evento. Com os alienígenas querendo a cabeça do Flash em troca da desistência da invasão leva o velocista a decidir se entregar. Claro que o iminente sacrifício do Flash leva à sua redenção perante os heróis e, principalmente Cisco, que percebeu também ter feito cagada ao alterar o passado pelo que ele achava ser o certo.

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A parte emocional é bonitinha e tudo mais, mas a CW esqueceu um detalhe: eles tinham uma invasão a nível global para resolver. Claro, a necessidade de grandiloquência faz com que naves pousem ao redor do planeta inteiro iniciando a invasão. A grandiloquência não vê respaldo no orçamento, então a invasão global vira uma lutinha em um heliporto aleatório. SÉRIO. O ápice da batalha se dá entre os heróis e uns 20 aliens em um telhado.

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Um pouco mais de sentido faz a meta-bomba lançada pelos Dominions, que matará todos os metas do planeta. Cisco, Canário e Nuclear ficam com a parte mais sensata do roteiro, com o Waveryder segurando a bomba com seu raio trator e a dupla Jax/Stein alterando a composição da arma.

Mas como resolver de vez a invasão? Como o encerramento da saga se deu em Legends, acredito que os produtores quiseram que os membros da equipe fossem os principais responsáveis por resolver o problema; isso levou a Canário e o Nuclear e neutralizarem a bomba o Dr. Stein a criar o dispositivo que traria dor aos Dominions. E isso ganhou o troféu de coisa mais idiota de todo o evento.

Stein cria um aparelhinho que deve ser pregado em cada um dos Domínions. Sim, em tempo recorde ele conseguiu construir, sei lá, dezenas de milhares desses dispositivos que foram colocados UM POR UM  nos extraterrestres por Flash e Supergirl ao redor do MUNDO TODO. PORRA. Isso é a coisa mais idiota que acho que vi sendo feita em uma série da DC.
E EU ASSISTI SMALLVILLE DESDE O PRIMEIRO EPISÓDIO.

Lembram quando comentei que Supegirl poderia ter se envolvido mais diretamente com a trama do crossover? Em Medusa, eles combateram um vírus que era capaz de matar qualquer forma de vida alienígena que não fosse kriptoniana ou terráquea (supõe-se). Por que não usar essa ideia, fazer a turma da ciência, que não é pequena, alterar o vírus para que ele não fosse letal, mas adoecesse os Dominions, e usar o Nuclear para transformar a meta-bomba em uma bomba Medusa? Além de fazer mais sentido do que essa idiotice apresentada, ainda justificaria a presença da Supergirl, que, no fim das contas, fez porra nenhuma além de colar maquininhas de choque no pescoço dos invasores.

O encerramento, como o discurso da nova presidente (o que faz ambos os universos de Arrow/Flash e Supergirl terem presidentes mulheres – viva o empoderamento), foi interessante. Claro que se dar exatamente na Sala de Justiça só prova as restrições que a televisão implica, mas valeu pelo fortalecimento do legado dos heróis.

E claro, a confraternização entre todos eles me arrancou mais de uma dúzia de sorrisos. Assim como a cena final, entre Barry e Oliver. O laço que une esses personagens é realmente o que importa, e vê-los dessa forma é o que dá relevância a esse universo compartilhado.

PS1: Gládio e Vibro? Sim, vivemos para ver esse clássico encontro da dupla acontecer em live action.

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PS2: Os heróis mais poderosos da Terra. Supergirl pisando nos Vingadores.

PS3: Ah, convenhamos. Foi engraçadinho ver Brandon Routh dizendo que Kara parece uma prima sua. O Superman rebaixado merecia.

PS4: Assim como Felicity constatando que as duas se vestem iguais e Rory passando uma cantada de pedreiro na garota de aço.

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PS5: Abraço de grupo! Essa é a trindade DC que vale! A dos SUPERAMIGOS 😀

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Meu veredito final?

Invasão foi a primeira grande saga das séries na televisão. Nunca antes feito. Ela sofreu, e muito, com as restrições não só de orçamento, mas de tempo, para a produção. Sofreu também com todos os vícios que as séries da CW tem, e como tem. Saídas fáceis, dramas bobos, situações apresentadas que são desperdiçadas… Bem, enquanto a máxima usada por Stephen Amell que tudo pode ser resolvido com uma linha de diálogo for o mantra dos produtores dessas séries, esse problema vai continuar existindo.

No geral, Invasão foi, em termos de qualidade, muito aquém do que poderia, mas não muito diferente do que eu esperava, conhecendo essas séries. Jogar toda a culpa nas limitações técnicas é afagar demais os produtores. Não, criativamente os roteiristas foram não só limitados, como também preguiçosos. Não saíram de sua zona de conforto, não souberam desenvolver a ameaça e quando o fizeram, criaram uma proporção tão grande que precisaram de uma resolução totalmente absurda para encerrar a saga.

Mesmo com todos esses defeitos, e pensando no quanto ela seria melhor, eu assisti os 4 capítulos (mais ou menos 4 né?) com um sorriso na cara. Sim, Invasão, assim como todas os quatro programas me dão a impressão de que estou lendo os formatinhos da DC na Abril dos anos 80 e 90, com 10 anos de idade. Colorido, alegre, aventuresco, divertido, engraçado e até, vejam só, emocionante. Terminei de assistir o crossover, maratonando as partes direto, satisfeito. Incomodado com muitas coisas, mas satisfeito, porque acima de tudo a televisão está conseguindo o que é pra mim o mais importante quando se trata dos personagens da DC: mesmo sem roteiros absolutamente geniais ou coesos, eles retratam os meus super-heróis favoritos respeitando suas essências e suas características.

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A divisão de cinema poderia aprender muito com isso.

Clique aqui para ler os outros reviews, em Supergirl, The Flash e Arrow.

 

 

Designer gráfico por vocação, publicitário por formação, filósofo por piração.

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