Uaréva! Uaréview Uaréview: Esquadrão Suicida

Uaréview: Esquadrão Suicida


 

suicide-squad-group-poster

Falar sobre a versão cinematográfica de “Esquadrão Suicida” recém lançada nos cinemas é remeter ao período onde foram reinventados por John Ostrander em meados dos anos oitenta. Eram tempos de heróis mais realistas e sombrios, tempos das reformulações de personagens como Monstro do Pântano, Arqueiro Verde, Superman e (talvez a reformulação mais “sombria” dessas todas) “Ano Um” de Frank Miller – todas elas posteriores ao mundo pós-Crise nas Infinitas Terras. Usando o nome de um grupo obscuro da Era de Prata Ostrander apresentou o contexto e concepção da “Força Tarefa-X” (nome “oficial” do grupo).

Liderados por Amanda Waller e Rick Flag o grupo era um catadão de vilões da DC que trocaria parte de suas penas por missões em vários locais do mundo que iam da desestabilização de países em regime ditatorial à eliminação de metahumanos dos mais variados tipos e poderes. A formação original tinha além de Flag o Pistoleiro, Capitão Bumerangue, Magia, Tigre de Bronze e o Arrasa Quarteirão. As formações mudaram dezenas de vezes ao longo da fase de Ostrander (que escreveria o título por seis anos). Posto isso, a Warner em 2014 decidiu que faria uma versão cinematográfica do grupo em seu universo compartilhado.

O elenco reuniria atores desconhecidos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (Killer Croc), semi-desconhecidos (Jai Courtney cujo papel mais “relevante” foi ser filho de Bruce Willis em “Duro de Matar 5”!!!!), a promessa Margo Robbie e figurões como Will Smith (Pistoleiro) e Viola Davis como Amanda Waller. O escolhido para dirigir foi David Ayer que soma bons trabalhos como roteirista em “Dia de Treinamento” e direção em “Corações de Ferro” e bobagens como o roteiro (???) do primeiro “Velozes e Furiosos” e a aberração da versão cinematográfica de “SWAT” com Colin (blergh) Ferrell – também como roteirista (repito “????”).

squad_DP0vlpw

A premissa é simples. O governo após a morte do Superman decide criar um grupo de seres poderosos para que metahumanos descontrolados futuramente possam ser “pacificados”. Para isso Waller reúne Arlequina, Crocodilo (psicopata canibal), Capitão Bumerangue, El Diablo, Pistoleiro, Amarra e Magia sob o comando de Rick Flag (e com o auxílo de Katana). Ai que os problemas começam. Os fracassos de “Man of Steel” e “Batman V Superman” pressionaram a Warner e consequentemente Ayer para que um sucesso de público de crítica viesse à tona.

Nitidamente notamos cortes bruscos, passagem confusas mixadas com música pop às vezes muito truncadas que tiram a fluidez do filme. Relatos especulam que para deixar o filme mais leve o filme foi refeito em muitas passagens (nota-se a diferença entre o primeiro trailer mais sombrio apresentado e as versões seguintes mais coloridas e recheadas de piadas). Na trama Waller reúne o grupo com a promessa de que suas penas serão reduzidas ao término de cada missão e que se tentarem fugir suas cabeças irão explodir (após nano robôs serem injetados nos meliantes). E desde o inicio notamos a instabilidade da personagem June Moon que é o hospedeiro de Magia.

maxresdefault

O que parecia um subplot (do grupo tentando caçar uma Magia fora de controle para depois ir na missão principal) virou o centro da trama. O grupo caçando a personagem numa Midway City (Minduim City?) – onde somos apresentados ao irmão mais velho da criatura mística . Note que o irmão de Magia é o mais clichê possível e nem nome tem, é “Meu Irmão”. Enquanto isso somos apresentados à pior versão do Coringa de todos os tempos, cortesia de um Jared Leto caricato em sua persona misturando MC Guime com aqueles gangsta rappers dos anos noventa, e que está procurando um modo de libertar seu pudinzinho, a Arlequina. Os pontos positivos são Will Smith (sim, pasmem) que constrói um Floyd Lawton amargo e irônico, Margo Robbie (excelente como Arlequina e que produz as melhores piadas do filme) e Viola Davis (motherfucker como a Amanda Waller dos quadrinhos).

As cenas do grupo atuando junto funcionam e o ritmo é divertido. Katana também tem uma boa aparição mas que poderia ser melhor se desenvolvessem o personagem mais decentemente. Negativos ? Os cortes impossibilitam que vejamos o grupo minimamente interagindo para ter alguma empatia. O Capitão Bumerangue carrega um bicho de pelúcia o tempo todo e em momento algum aquilo tem uma explicação. O mesmo personagem na cena em que Magia materializa os maiores anseios do grupo nem tem seus sonhos revelados. A insistência de mostra a bunda de Margo Robbie a cada dez minutos – a cena da vitrine é das mais gratuitamente machistas do filme. Não conseguimos ter empatia na relação de Rick Flag por June Moon.

Deadshot-doing-his-thing-mae21usv5iv2nhn8888n5to3wm8mnrvze7q0hrblrc

Os soldados “hidler” criados por Magia só servem para encher linguiça e retardar o grupo. Ainda temos de ruim o momento “redenção” do grupo, e, na minha opinião, o pior de tudo no filme: a motivação dos vilões. Como o mundo esqueceu deles como divindades e os trocou por máquinas eles construíram um “dispositivo” que iria destruir todas as máquinas (sic), para gerar no fim um sacrifício final (sem spoilers) para conter Magia e a máquina.

“Esquadrão Suicida” é um filme que sofreu por ser o laço menor da franquia DC no cinema e por conta dos sucessos de filmes como “Deadpool” e “Guardiões da Galáxia”, que aparentemente o forçaram a ser uma “comédia de ação” e nisso fracassa desgraçadamente.

O nível de ameaça que os seres místicos impõe ao grupo é muito maior do que um arremessador de bumerangues, um canibal, uma psicopata “fofinha”, um assassino de aluguel e um membro de gangue latina poderiam enfrentar. O conceito é muito bom mas necessita de real liberdade criativa e de ameaças condizentes com o poderio de destruição do Esquadrão. E para piorar o bombardeio de críticas negativas ao filme pode comprometer todo um planejamento para futuras continuações.

Nota: 4

P.s. 1 : Bátema aparece mas não faz porra nenhuma

P.s. 2: a cena pós crédito é uma merda

P.s. 3: Ben Affleck chateado

940919_10204004275865641_2691455624690889410_nAndy Nakamura contribui com o Argcast e é um dos administradores do Boteco da Justiça.
 

 

 

 

Podcast, Quadrinhos, CInema, Seriados e Cultura Pop

Related Post