Todos aqui no blog se manifestaram de alguma forma sobre Batman v Superman. Acho que foi unânime a desaprovação e a sensação do que poderia ter sido, mas, no podcast sobre o filme eu comento sobre a reação da minha filha. Ao contrário da gente, ela não conhecia a fundo os personagens. Ao contrario da gente, ela não viu cada trailer, cada spot de TV, não leu as notícias sobre a conturbada produção. Ao contrario de todos nós, ela não criou expectativa alguma sobre BvS. Ao contrario de todos nós, ela não viu o filme com um viés crítico. Ela foi se divertir. E ela adorou o filme.
Como eu ia rever BvS eu queria estar no mesmo espírito. Larguei o nerd chato que aprendeu a ler com as HQs dos Superamigos da EBAL de lado; larguei minha zanga contra Zach Snyder e me desarmei de todas as pedras que eu segurava. Relaxei e apertei o play. E valeu muito a pena!
A primeira uma hora e meia do filme é muito melhor que a versão exibida nos cinemas. Não sei de quem foi à idéia “brilhante” de, no corte final, tirar boa parte das cenas do Superman. A trama armada por Lex Luthor para destruir a imagem pública do Superman está muito melhor desenvolvida aqui. Agora se entende o porquê do governo culpar o Super pelos assassinatos na África. A senadora e o mundo todo têm razões para acreditar que o Super é uma ameaça. O KGBESTA e os capangas do Luthor deixam a cena do crime propícia para que o governo pense que os rebeldes foram incinerados pela visão de calor. Não apenas isso! Uma testemunha que depõe no senado é instruída e ameaçada por Luthor para que sustente essa história.
Fora isso, temos mais diálogos, mais cenas com Clark Kent agindo como repórter, investigando as ações do Batman. Temos Lois investigando DE VERDADE a trama na África, tentando reunir provas da inocência do Superman, até o porquê do super não notar a bomba no capitólio é explicado. E a cada repercussão negativa sobre seus atos, vemos um Superman que sofre e se frustra. E aqui está a maior diferença entre as versões: O Superman é um personagem muito mais humano, muito mais sensível. Acredito que O SUPERMAN É O PERSONAGEM MAIS HUMANO NESSE FILME!
Aí os executivos da Warner devem ter dito: o publico quer mais Bátema? Dá mais Bátema pra eles. E nisso, perdemos a chance de ter visto um bom Superman no cinema. Entendo que Ben Affleck é um ator mais renomado, que interpreta melhor e que Batman é um personagem muito carismático. Contudo, deixar de lado o desenvolvimento do Superman faz com que ninguém se importe com ele. E se você não se importa com ele, não liga para a sua morte. Grande erro.
Sobre Batman e Mulher-Maravilha, nada de relevante a ser dito, já que a história deles é praticamente a mesma. Sobre Lex, nada salva. Nem as cenas novas dão sentido a loucura e afetação da atuação de Jesse Eisenberg. Ainda é um Coringa wannabe. E, imagino pela forma como assisti (com fones de ouvido com o volume no talo), a trilha-sonora continua impecável. Assistir em 1080p faz a fotografia do filme ficar ainda mais linda. Nesse aspecto, ninguém esperava menos do Leke Znyder.
Eu sempre fui conhecido aqui no blog como um marveco safado (e sou mesmo), mas sempre li DC. Superman sempre foi meu ícone, meu modelo a ser seguido e sempre quis ver um filme que fizesse jus a o que ele representa. E essa montagem chegou perto disso. E, na boa, se você se diz fã de quadrinhos e não se arrepiou com essa cena, você ta morto por dentro.
Enfim, a edição estendida de Batman v Superman – A Origem da Justiça é em muito superior a versão exibida nos cinemas. Entendo que esse corte seria longo demais para os exibidores, mas também entendo que o público civil não se incomodaria em ver uma história melhor, com um roteiro com menos furos e sem soluções e situações que apareciam do nada. Talvez a falta de coragem de lançar essa versão maior seja a responsável pela enorme rejeição que o filme alcançou. Vale à pena assistir.
P.S: Esse quadro não parece uma pintura sacra? Reparem nas cruzes ao fundo.
________________________________________________________________________________________________________
Modesti é Operador de audio na Faculdade FAEL, ex-gordo, ex-hooligan, fã louco do Atlético Paranaense, de Wrestling e do Superman.
