É o que encontramos no novo filme de Scorsese, que retrata a história real de Jordan Belfort (Leonardo Di Caprio) um corretor de Wall Street que não mede esforços para crescer no meio e ter seu próprio império.
Durante seis meses, Jordan Belfort trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey). Quando finalmente consegue ser contratado como corretor da firma, acontece o Black Monday, que faz com que as bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e bastante ambicioso, ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos, mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jonah Hill) e outros amigos dos velhos tempos, ele cria a Stratton Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer.
Jonah Hill em seu personagem muitas vezes ridículo – não no sentido de ser mal realizado, mas de ser uma pessoa que qualquer um chamaria de idiota se não fosse rico-, dá um ótimo tom de comédia. Aliás, a comédia permeia todo a obra, revelando o quão absurdo pode ser o mundo dos milionários e suas vidas repletas de gastanças e desejos esdrúxulos.
O diretor consegue em meio a um cenário de loucura tocar mordazmente em várias feridas do “american way of life”, e sua busca insana por sempre mais e mais grana e prazer. Curioso ver como o personagem de Di Caprio é retratado diversas vezes como um tipo de “messias” da bolsa, um “pastor” que prega seus métodos e seu estilo de vida profissional a um “rebanho” sedento pela cor verde dos dólares em suas mãos – o que, claro, não é por acaso, mas, com certeza, um paralelo bem pautado na realidade.
Inclusive, o Jordan é posto como alguém tão arrogante, o qual pouco se importa com os outros, que até quando quebra a quarta parede, e se dirige ao público, nos trata como se fossemos pessoas tão inferiores a ele que nem entenderíamos o que ele quer explicar.
O Lobo de Wall Street é um filme divertido, crítico e reflexivo, que merece ser visto mais de uma vez e pensado além da superfície, essa armadilha que geralmente as pessoas adoram cair.
O Lobo de Wall Street
Direção: Martin Scorsese
Duração: 180 minutos
Música: Robbie Robertson, Howard Shore
Prêmios: Globo de Ouro: de Melhor Ator em Comédia ou Musical; Critics’ Choice Award : Melhor Ator em Filme de Comédia
Mestrando em Comunicação, jornalista, trabalha com Assessoria de Imprensa e é editor do nosso podcast. Colabora com textos para o blog, como resenhas e notícias.