Uaréva! Madrugada Macabra,Rafael Rodrigues,Sobrenatural,viagem no tempo Viajantes do Tempo – Histórias reais (?)

Viajantes do Tempo – Histórias reais (?)

Viagem no Tempo não é um tema novo, nem no Uarévaa (já teve até podcast sobre isso) nem na história da humanidade. A primeira história envolvendo viagem no tempo encontra-se no Mahabharata, um dos livros sagrados indianos, escrito há mais de 2000 anos. Nele, Um dos personagens (a história é dividida em 18 “episódios”) vai até o mundo de Brahma pedir conselhos para o deus e, quando volta à Terra, se passou muito mais tempo aqui do que o tempo que ele passou no mundo de Brahma, e é explicado que no mundo divino o tempo passa muito mais devagar*. Do Mahabharata, passamos para a Bíblia, mais especificamente o Novo Testamento, cujo livro das revelações (Apocalipse) conta a história de um homem que é levado para o futuro por um anjo para ver as coisas que iriam acontecer.

Dos mitos, as histórias de viagem no tempo passaram para a ficção** e se tornaram um dos temas preferidos na ficção científica. Mas talvez você esteja se perguntando por que este tema se faz presente em uma coluna sobre terror. Bem, eu considero a possibilidade de viagem no tempo, especialmente a viagem para o passado bastante perturbadora. E, não me levem à mal, mas creio que se alguém não ficar pelo menos um pouco assustado com as consequências da viagem ao passado é por que nunca pensou seriamente no assunto.

Mas na ficção, embora seja um assunto empolgante, não chega a ser assustador, não é? Bem, talvez. Mas e se a viagem no tempo fosse real? Stephen Hawking (ou Carl Sagan, agora não tenho certeza, possivelmente os dois) dizia que, se a viagem no tempo foi descoberta em algum ponto da história da humanidade, por que não somos constantemente visitados por historiadores do futuro? Esta é uma pergunta óbvia, mas realmente muito boa. A resposta que eu vou levantar neste post vem na forma de outra pergunta: E e se, na verdade, nós somos constantemente visitados por gente do futuro? É uma alegação absurda, é claro. Mas não tão absurda quanto alegar que se é, de fato, um viajante do tempo. E há quem já tenha feito isso.

A partir de agora, você vai conhecer algumas curiosas histórias que envolvem supostas viagens no tempo reais. Embora eu conheça a alguns desses casos mais a fundo, não entrarei no mérito da confirmação de veracidade ou não destas histórias, ou se sequer há algum fundo de verdade nelas, preferindo manter o mistério (já que esta é uma coluna sobre terror). Além disso, também evitei as lendas que são absurdos mais óbvios (como a história de celebridades viajantes do tempo, como Keanu Reeves).

Saltos para o futuro:

VonHelton (1857, 1916 e 1945 e presente)


VonHelton é um cara bizarro e totalmente desacreditado, mas vale a citação. Ele alega ser meio vampiro, é um conspiracionista do fenômeno OVNI e ultraconservador radical que tem sites e um canal no Youtube. Ah, ele também alega ser um viajante do tempo, tendo visitado a Inglaterra em 1857, a França em 1916 e a Alemanha em 1945. Ele inclusive exibe fotos de si mesmo em várias épocas para provar que é mesmo um viajante do tempo.

Rudolph Fentz (de 1847 para 1950)
Conta a lenda que, em algum dia do ano de 1950, diversas pessoas avistaram um homem vestindo roupas antigas, perambulando desorientado pelas ruas. Ele parecia não saber onde estava e estava completamente confuso. Sua jornada terminou bruscamente ao ser atropelado por um carro. Na investigação de sua morte, encontraram em seus bolsos moedas do século XIX e tudo indicava que ele era um homem chamado Rudolph Frenz, que desaparecera misteriosamente em 1876 e, ao que tudo indicava, havia de alguma forma “saltado” no tempo, de 1876 para 1950.

Experimento Filadélfia/Projeto Montauk (de 1943 para 1983)
Talvez uma das histórias mais conhecidas – e mais interessantes – sobre saltos para o futuro. A lenda relata a história de um projeto, chamado Experimento Filadélfia que, em 1943, pretendia tornar um navio invisível aos radares usando fortes campos eletromagnéticos. O experimento fracassou no seu intuito inicial, mas trouxe um efeito colateral inesperado: O navio realmente desapareceu, e apareceu minutos depois, com as pessoas dentro dele fundidas de forma bizarra ao navio, ainda vivas e gritando em desespero. Consta que faltava apenas dois marinheiros que, no desespero, saltaram do navio enquanto ele estava sumido, e caíram no infinito, indo parar no mesmo lugar 40 anos depois, em 1983, quando o governo realizava o Projeto Montauk, que tentava reproduzir a experiência do passado. Até hoje um homem chamado Al Bielek alega ser um dos marinheiros que saltou do navio no momento crucial e saltou no tempo.

Viagens para o passado:

Anne Moberly and Eleanor Jourdain (de 1901 para o século de 1700)

Em 1901, Anne Moberly e Eleanor Jourdain, respectivamente a reitora e vice-reitora do St. Hugh’s College em Oxford, disseram ter acidentalmente voltado no tempo. Enquanto visitavam um pequeno Chateau nas terras de Versaillers, as mulheres subitamente se encontraram na época da Revolução Francesa, onde disseram que viram e interagiram com as pessoas as quais acreditavam que se encontravam na corte de Maria Antonieta. Foi publicado postumamente um relato dessa história, escrito pelas próprias, chamada An Adventure (uma aventura).




John Titor (de 2036 para 2001)

John Titor é uam das lendas relacionadas à viagem no tepo da era da internet. Entre 2000 e 2001, foram colocadas num fórum de discussão diversas postagens de alguém intitulado John Titor, que alegava ser um viajante do tempo do ano 2036. Nestes posts, ele fez diversas previsões (a grande maioria delas vaga, outras bem específicas) sobre eventos que ocorreriam no futuro próximo, começando em 2004. Suas previsões, no entanto, falharam na maioria: ele previu uma mudança drástica na qual os EUA estariam divididos em 5 regiões menores, o meio ambiente e infraestrutura teriam sido devastados após um ataque nuclear e a maior parte das outras potências mundiais estaria destruída. Um dos aspectos mais interessantes dessa história, no entanto, é que John Titor tentou provar que era um viajante do tempo postando diversas fotos de sua suposta máquina, além de explicar como ela funcionava.

Andrew Carlssin (de 2202 para 2002)
Outra lenda da internet: Dizia a história que Andrew Carlssin tinha sido preso pelo FBI por suspeita de fraude na bolsa de Valores. Ele havia ganho milhões de dólares em pouquíssimo tempo e isso chamou a atenção do FBI. Ao ser questionado, Carlssin revelou ser um viajante do tempo de 100 anos no futuro e que havia voltado para o ano de 2002. Conhecendo a história do período e ligado nas mudanças, usou isso para ganhar dinheiro na bolsa de valores. Ainda segundo a história, apesar de não terem acreditado, as investigações do FBI não encontraram registros de nenhum Andrew Carlssim anteriores à 2002.

Rua Bold, Inglaterra (de ? para décadas de 50/60)
Hoje em dia quando pensamos em viagem no tempo, a primeira coisa que nos vem à cabeça é uma maqui, um automóvel ou algo do tipo. Mas a rua Bold, em Liverpool, ganhou notoriedade quando diversas pessoas alegaram que foram subitamente transportadas de volta para os anos 50 e 60, do nada. De acordo com a notícia, começou com um homem que alegou que, caminhando pela rua Bold, foi parar nos anos 50. Quando retornou para seu próprio tempo, ele acertou com precisão no nome de diversas fachadas de lojas que existiam na época e lugar em que ele alega que foi parar.

Hakan Nordqvist (tempo desconhecido)
Hakan Nordqvist alega ter encontrado a si mesmo no futuro. Enquanto trabalhava na pia de sua cozinha, ele diz que foi parar numa espécie de distorção temporal e encontrou a si mesmo como um homem já mais velho. Ele tem até um vídeo que tirou de seu celular, para provar sua viagem.


Pasko Kuzman (Era do Bronze, Período Neolítico, Futuro?)

Arquólogo Macedônio, Pasko Kusman possui algumas descobertas consideráveis no seu campo de estudo, mas também alega ser, bem, um viajante do tempo. Ele usa diversos relógios nos pulsos, os quais, diz ele, o ajudam a viajar pelo tempo: um o leva para a Era do Bronze e o Período Neolítico, outro para o futuro, e o terceiro é um “Relógio dos Arqueólogos”, que alerta a ele a presença de outro.




“Hipster” moderno em fotografia de 1941

Essa é, para mim, uma das mais legais sobre o assunto: Surgiu na internet uma foto vinda dos anos 40, na qual, numa olhada mais atenta, é possível perceber uma figura aparentemente destoante do período, que parece ser alguém usando roupas modernas e aparentemente segurando uma câmera fotográfica. A parte mais interessante disso é que, de fato, a foto existe e não é uma montagem: ela relata a reabertura da ponte de South Fork depois de uma inundação, é de novembro de 1940 e está em exposição online no Virtual Museum of Canada.


Existem outras histórias por aí que envolvem viagens no tempo, mas compilei as que considerei mais curiosas, interessantes e/ou misteriosas.

Curiosidades:
Aproveitando o tema, eis alguns inventos e ideias reais (sem conspiração aqui) que precederam (às vezes em décadas ou séculos) tecnologias atuais:

– Provavelmente o caso mais famoso, Leonardo da Vinci é conhecido por projetos que precederam coisas como o avião, o helicóptero e a asa delta. Além disso, ele criou, como um presente para um rei (acho que era o rei da Itália) um robô leão, que se mexia e tudo. Em 2009, um grupo pegou as descrições de Da Vinci do projeto e reconstruído o leão mecânico, que se mostrou funcional (Veja o vídeo)

Nikola Tesla demonstrou ser possível, no início do século XX, transmitir eletricidade sem fio. Além disso, ele vislumbrava um mundo onde não só eletricidade, mas sons, vídeos e imagens seriam transmitidos pelo ar para as casas das pessaos pelo mundo afora. Além disso, também foi um defensor do uso de energias renováveis e cogitou uma maneira de resgatar a energia geotérmica (do núcleo do planeta) para gerar eletricidade;

C. E. Alden, um inventor obscuro, apareceu na capa do jornal The New York World do ano de 1906 alegando que havia inventado um protótipo de “telefone de bolso”, mais de 70 anos antes da demonstração do primeiro protótipo de telefone celular pela Motorola;

Tony Sale, hoje oficial da força aérea aposentado, construiu quando tinha apenas 12 anos seu primeiro robô humanoide, isso em 1940 (conforme o tempo passou, outras versões, mais sofisticadas foram construídas). O robô ficou esquecido na garagem de Sale por 45 anos até que, em 2010, Tony resolveu verificar se o robô ainda funcionava. E de fato funcionava;

Vannevar Bush, um inventor americano, precedeu a internet ao apresentar em um artigo a ideia de uma máquina chamada “Memex”, uma máquina capaz de estocar montanhas de informações, fácil e rapidamente alcançáveis. A ideia, descrita de maneira detalhada no artigo e concebida para suprir as “falhas da memória humana” através de recursos mecânicos, é hoje considerada o precursor da ideia de hipertexto;

– Antes ainda do Memex, em 1934, o empreendedor belga Paul Otlet descreveu um novo tipo de estação de estudos, uma mesa móvel construída como uma roda, ligada por uma rede de raios de roda dobradiços sob uma série de superfícies móveis. A máquina permitiria que os usuários pesquisassem, lessem e escrevessem através de uma imensa base de dados mecânica armazenada em milhões de fichas 3×5. A invenção precede de maneira impressionante a internet, antecipando também conceitos como conexão entre documentos (links), acesso remoto via linha telefônica e a pesquisa e recuperação rápida de informações por uma equipe permanente apropriadamente qualificada (alguém aí falou em Google?).

*Isso é particularmente curioso, se formos considerar que, de fato, existe essa relatividade no tempo: Quanto maior a gravidade, mais devagar o tempo passa. É por isso que os satélites de GPSs precisam ter um timer que é constantemente corrigido, pois o tempo passa mais depressa lá em cima do que aqui em baixo, devido à diferença de gravidade. Se não houvesse essa correção, os GPSs errariam os endereços em quilômetros.
**Antes que alguém pergunte, há sim diferença entre mito e ficção: a principal é que, ao contrário do mito, as histórias que chamamos de ficção não costumam ter um objetivo pedagógico.

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