De volta para o passado


Por Freud

Nada melhor que uma semana extremamente nostálgica aqui no Uarévaa, como tem sido essa dedicada as crianças, para estrear minha nova coluna que já estou pra iniciar faz um tempão.

Aqui no “Da arca do velho” pretendo relembrar coisas “dos meus tempos” (que não, não chega a ser a pré-história, como alguns vão dizer) , praticamente um naftalina particular pra falar das mais diversas coisas que já curti e me são caras até hoje, ou até simplesmente indicar coisas interessantes lançadas já faz, pelo menos, alguns anos.

Mas vou aproveitar pra iniciar, justamente nessa semana, falando da minha infância. Não apenas a que passou, mas minha infância de agora também.

O pessoal aqui já deve estar cansado de me ver usar meu “bordão” que diz ”Sou casado, fiel e pai de família”, e a parte do pai de família é graças a um garoto elétrico, hoje com quase 5 anos de idade já, que me trouxe um parte da infância de volta.

Sim, apenas parte, pois assim como, acredito, todos desse blog, nunca deixei a criança em mim morrer. Mas, por mais que essa criança permaneça viva em nós, muitas coisas tão importantes daquela fase nós nunca mais voltamos a fazer. Continuamos a exercitar a imaginação e tentamos manter a maior parte possível de nossa inocência e sinceridade, o que não costuma ser uma tarefa fácil, mas e aquelas coisas as quais dedicavamos as horas mais importantes dos nossos dias?

Quem, já adulto, volta a brincar de pique, ou com bonequinhos, carrinhos, bola de gude, soltar pipa, chutar bola só de farra, caçar bolinhas de sabão, jogar balão de aniversário pro alto e ficar batendo nele pra não deixar cair, guerra de travesseiros, brincar de luta mas sem nenhum intenção de machucar de verdade, super herói, polícia e ladrão, brincar no parque de gangorra, escorrega, balanço, contar histórias conhecidas do seu próprio jeito se incluindo no meio delas, brincar de piloto de nave espacial na rua usando as bicicletas, fazer e receber cosquinhas até pedir arrego ou simplesmente correr até não guentar mais de tão cansado, ofegante e suado, mas feliz?

Criamos nossos substitutos adultos para muitas dessas atividades, pois realmente soa idiota voltar a fazer qualquer uma dessas coisas, simplesmente por fazer.

Mas admita que bateu saudade lendo isso ai, vai, eu sei que bateu, hehehe

Tudo isso hoje está de volta pra mim, por ter um filho, um verdadeiro clone daquele moleque bagunceiro que fui, com quem eu, claro, devo e me preocupo muito em cuidar, orientar e dar exemplo, mas com quem também procuro ao máximo possível ser outra criança ao seu lado e dobrar a bagunça feita na casa.

Claro que as coisas mudaram pra molecada de hoje, mas.. será que mudou TANTO assim? Pelo menos na faixa etária dele, não sinto tanta diferença pro que eu mesmo fazia. Brincava-se mais na rua, isso é certo, e uma pena mesmo pois a violência de hoje rouba um pouco algumas experiências importantes, mas ele também tem seus colegas pra brincar.

Mas os carrinhos ainda são carrinhos, e a melhor parte da brincadeira ainda é fazer eles baterem. Bolas de gude hoje as vezes parecem praticamente aposentadas pelos tais Go-Gos, mas diverte-se com eles da mesma forma. As pipas as vezes dão a vez pra brinquedos voadores por controle remoto, sim. O River Raid do Atari agora é Mario Kart do Wii, ou tantos outros. E boa parte dos personagens são outros, os brinquedos com mais firulas, mas a brincadeira com eles não mudou nada. Se a brincadeira é com o Ben 10 ou os Superamigos, faz mesmo tanta diferença assim?

Sim, as coisas mudam, eu concordo que muitas coisas de outras épocas hoje perderam grande parte da graça, seja por excesso de zelo de alguns, ou por mentalidades adultas deturpadas ou simplesmente porque os tempos são outros mesmo, e contra isso não há como lutar.

Mas criança quer é se divertir, e acredite, sabem aproveitar ao máximo o que tiverem a disposição pra isso.

Agora, a real intenção desse post, é deixar um convite e um desafio.

Não, não é pra todo mundo fazer filhos somente pra ter desculpa pra voltar a brincar não, rs… Filho é algo muito sério. É algo maravilhoso, sempre quis ser pai, um caminho cuja satisfação mais que compensa na minha opinião, mas como todo caminho tem sua cota de pedras e é de cada um escolher ou não trilhá-lo.

O convite é: quando ninguem puder ver, dá uma disfarçada e brinque de novo. Escolha uma dessas que você não faz a muito tempo, vai. Não sei se vai valer a pena, não sei o que voce vai sentir….

… mas em homenagem aquela criança de 5 anos que você já foi, ao menos tente, uma vezinha só.

Aquela criança merece isso.

A.K.A. Freud

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