Uaréva! Moura,Moura em Série,Seriados,TV A arte de tirar leite de pedra – Vão se os atores, ficam os programas

A arte de tirar leite de pedra – Vão se os atores, ficam os programas

E ae turminha mais ou menos.

Como eu disse semana passada, Two and a Half Men perdeu seu protagonista, mas continuará no ar com o Ashton Kutcher substituindo Charlie Sheen.

Mas claro que THM não foi a única série que passou por esse tipo de contratempo. E nesse post vou relembrar alguns casos do tipo…

Você tem uma série de sucesso nas mãos que está te trazendo rios de dinheiro. E, do nada, o protagonista surta na droga, ou resolve tentar carreira no cinema, ou simplesmente enche o saco daquilo. Como proceder?

A maioria dos produtores não quer perder a galinha dos ovos de ouro, e tal qual Chuck Lorre, dá um jeito de enjambrar uma forma de continuar faturando com a marca.

Algumas vezes isso dá certo.

Em CSI, Gil Grissom sempre foi o protagonista, e a principal cara do programa. Willian Pettersen decidiu se dedicar a carreira teatral e outros projetos. Ele também é produtor do programa, e nem ele nem o canal queria perder o seriado policial mais assistido da TV. Sendo assim, Laurence Fishburne assumiu o papel de novo diretor. Novo personagem, nova abordagem, mas as criticas não foram em relação a ele, mas na queda da qualidade dos roteiros na temporada em que ele esteve. Porém Laurence é ligado demais ao cinema para se manter totalmente dedicado a uma serie de TV, e depois de duas temporadas e meia como o Dr. Langston, ele também resolveu colocar o pé na estrada. E assim, agora quem assume o papel é Ted Danson.

Nesse caso, a transição se faz mais fácil. CSI, por mais que se apoiasse muito no carisma de Grissom, não era uma série SOBRE o personagem. Ele fazia parte de um elenco que trabalhava em função do roteiro, e não o contrario. O sucesso de uma substituição nesse caso se baseia na capacidade de se criar um personagem que seja tão carismático e interessante quanto seu antecessor – e aqui ainda se valeu da tática de usar um nome facilmente reconhecível pelo publico para criar curiosidade.

Não foi o que ocorreu décadas antes em A Feiticeira. O marido de Samantha, Darrin, foi interpretado por Dick York nas cinco primeiras temporadas – e é o rosto mais lembrado no papel. Entretanto em 1969, o ator enfrentava um problema seriíssimo de coluna, com dores que não permitiam que ele pudesse trabalhar. Assim, sem mais nem menos, do nada Derrin passou a ter a cara de Dick Sargent.

Logicamente, a reação do publico foi de total estranhamento. Mas na época não tínhamos internet nem twitter pra galera mimimizar, e a seria ainda durou mais três temporadas com o novo protagonista.

Eu acho extremamente estranho essas mudanças de atores para o mesmo personagem. Mas devido a época em que a serie era produzida, o impacto pode ter sido grande, mas não impediu que o programa continuasse.

E a galera deveria ser menos chata que hoje em dia.

Pulando para o futuro novamente, nos anos 90 a série mais comentada por todos era Arquivo X. Você pode nunca ter assistido um episodio sequer, mas já ouviu falar dela, e dos agente Mulder e Scully.

Apesar de o programa ser sobre os casos incríveis que a dupla de agentes investigava, ele era na realidade sobre Mulder e Scully. A dualidade da dupla, do crente e do cético, sempre foi a base para que o pano de fundo – os acontecimentos sobrenaturais, conspiratórios e extraterrenos – pudesse se desenvolver.

Eis que alguns anos de muito sucesso depois, David Duchovny decide se sair do programa.

Claro que ninguém queria que a série acabasse (mesmo que ela já estivesse dando sinais de desgaste). Sem o seu contraponto, Scully perdia muito, e assim os produtores decidiram dar uma sacudida, incluindo dois novos agentes: John Dogget e Monica Reyes.

A reação do publico, logicamente, foi morna. O carisma de Mulder e Scully não conseguiu ser sequer equiparado pro Dogget e Reyes. O roteiro passou a usar de Scully como uma espécie de consultora dos novos agentes e Skinner (não, não é o diretor do colégio de Springfield) começou a integrar efetivamente o elenco como personagem principal. A nona temporada ainda ganhou fôlego por tratar da busca por Mulder e na ansiedade dos fãs em rever o personagem, que teve parcas participações. A ultima temporada, já com a confirmada ausência de Mulder, foi a pá de cal na dupla substituta. E na série.

Algumas vezes a substituição não é tão na cara – e logo, não causa tanta revolta, mas, invariavelmente, certo estranhamento sempre rola.

Em My Wife and Kids (Eu, a Patroa e as Crianças na tradução do seu Abravanel) tinha Jazz Raycolle como Claire na primeira temporada, e sem maiores explicações a filha de Michael e Janet passou a ter a cara de Jennifer Nicole Freeman a partir da segunda temporada, até o final.

A primeira atriz deixou a personagem porque sua mãe não gostou do tema que ela iria interpretar: ela descobriria que sua melhor amiga está grávida. Sim, malditos americanos conservadores.

Mas Damon Wayans não perdeu a piada, e na primeira cena da nova Claire ele diz: “Não sei o que você mudou, mas está parecendo outra pessoa.”

Se hoje temos toda a polemica envolvendo a saída de Sheen e entrada de Kutcher, há alguns anos a situação foi invertida.

Michael J. Fox era o protagonista, assessor do prefeito de Nova York. Mas depois de quatro anos de programa, ele revelou ao mundo que possuía Mal de Parkison (o que revela os malefícios da viagem temporal) e Heather Locklear, que vinha do sucesso de sua personagem em Melrose, para ser a co-protagonista, aliviando a carga de trabalho do ator.

Mas no final da quarta temporada, o eterno Marty McFly decidiu deixar a série para cuidar da saúde, passar tempo com a família e tocar um projeto social para ajudar portadores de Parkison. O episodio de despedida do personagem é perfeito – e seria o final ideal para o programa. Entretanto alguns dos produtores decidiram tocar o barco, o que causou uma ruptura. Grande parte da produção, entre roteiristas, produtores e até um dos criadores abandonou junto com Fox, tal qual parte do elenco. Com o que sobrou, contrataram Charlie Sheen e mandaram ver em mais duas temporadas, que não tiverem lá grande apreciação do publico. No caso, mais pela ausência de bons roteiros do que pela troca de protagonistas, visto que Sheen fez um bom trabalho como o novo assessor.

Pra fechar, a série que é unanimidade entre os haters (me inclua nisso): Smallville.

Já cansei de dizer que poucas coisas salvavam esse seriado. Lex Luthor provavelmente está no topo da lista.

Michael Rosembaum interpretou o Lex que todos gostaríamos de ver nas telas – sem os exageros megalomaníacos dos personagens interpretados por Gene Hackman e Kevin Spacey. Um interpretação muito boa pra uma versão interessantíssima do personagem.

Ele construiu o papel de nêmeses perfeito do homem de aço – mesmo que Tom Welling não tenha construído o papel perfeito de homem de aço, provavelmente por causa de sua formação artística na Escola de Atores Cigano Igor, de onde também saiu Keanu Reeves.

Mas como os produtores aqui não tiraram só leite de pedra, mas torceram a pedra na tentativa de fazer iogurte, Rosembaum encheu o saco de raspar a cabeça e pediu pra sair lá na sétima temporada. Com um final besta – e assim, totalmente condizente com o resto dos roteiros da série – o personagem que se mostrava muito mais protagonista que o protagonista saiu.

Com um desaparecimento não explicado, agora Lex era uma sombra e sua auxiliar Tess Mercer – que nunca tinha sequer sido citada – aparece na busca por ele e assumindo a posição de nova vilã. Cassidy Freeman mandou muito bem no papel, tomando para si o personagem mais interessante do programa, mesmo que muito mal aproveitado. Tess fez o caminho inverso de Lex, que de garoto problemático chegou a mega-vilão. Tess foi de vilã mor a heroína, e sem perder a mão, pois desde o inicio sua personagem se mostrava adepta de um pensamento de Maquiavel – os fins justificam os meios. E seus fins eram positivos – ela queria na realidade proteger o planeta Terra da destruição perpetrada pelos próprios seres humanos.

E quando uma substituição em uma série não causa estranheza pelo simples fato que, mesmo sendo um enjambre, é melhor que TODO O RESTO DO PROGRAMA em si, fica até fácil agradar.

Bom, é isso ae!

Até o próximo episodio.

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