Na primeira década do novo e misterioso século XXI nos deparamos com muitas mudanças na forma como os seres humanos se comunicam entre si. As redes telemáticas de comunicação geraram novos meios, plataformas de informações e disseminação de produtos comunicacionais, que, gradativamente, alteraram o panorama dos meios de comunicação como eram conhecidos.Hoje em dia, novas formas não só de mostrar uma história em quadrinho surgiram, mas, também, de narrar tais histórias. Uma delas é a Narrativa Transmídia.
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Um dos modelos possivéis para transmidia nas hqs |
Desde o uso dos novos recursos que a tecnologia digital proporciona até mudanças na sua própria linguagem e forma de contar uma história, o quadrinho contemporâneo se apropria bem do status atual de nossa sociedade, cada vez mais ligada à tecnologia e ao visual. Henry Jenkins em seu livro Cultura da Convergência nomeia esse fenômeno atual como uma convergência midiática, onde em primeiro estágio um processo tecnológico leva funções múltiplas ao mesmo aparelho.
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A Corporação e HQs no Celular |
Contudo, outro aspecto dessa convergência também é muito utilizada: a narrativa transmidia, isto é, uma narrativa que passa por várias mídias distintas para contar uma história, deixando um pedaço dela em cada mídia que cruza. Podemos encontrar exemplos dessa narrativa em filmes como Matrix – e seus jogos de videogame e animações – Star Wars (nem preciso falar não é?), Watchmen, entre outros tantos que expandem a história e criam uma nova relação do público com o filme.
Um caso interessante que conheci a pouco tempo foi da série transmidia
Rango e Charlote. Escrita, dirigida e produzida por
Guilherme Verzoni, a série combinou literatura, fotografia, quadrinhos, pop art, vídeo e fotonovela. Com produção e versão para mídias móveis da
Bmob, a série foi lançada pelas operadoras
Claro, TIM e Oi, tornando-se pioneira no mercado de downloads para celular no Brasil e um dos primeiros conteúdos nacionais disponibilizados por tecnologia streaming, através do canal de entretenimento
Minha TV, da Claro.
A série conta a história de um casal que vive de maneira alucinada em uma cidade imaginária chamada Retro-Plágeo, onde cobaias sexuais e paranóias alienígenas fazem parte da rotina.
Apesar de não ter iniciado nos quadrinhos, propriamente dito, essa série me fez pensar novamente na importância dessas novas narrativas, onde um produto ficcional se desdobra em mídias diferentes, contando algo novo sob o visto na mídia anterior.
Formas simples de transmidia há tempos podem ser vistas nas HQ´s, como uso de
sites oficiais para mais informações sobre a obra ou mesmo os
filmes, animações, livros, etc. Porém, esse processo a cada dia se especializa mais e formatos arrojados como
Motion Comics – mistura de quadrinhos e animação – e
ARG’s (esse em bem menor escala no mercado de quadrinhos) surgem constantemente, ampliando obras com uma grande interação do público.
As histórias em quadrinhos passam atualmente por uma enxurrada de possibilidades tanto técnicas quanto narrativas, como visto, e cada vez mais a criatividade se torna elemento fundamental para a construção de uma teia midiática em torno de uma obra. A narrativa transmidia se mostra como mais um elemento que se pode utilizar para não só lucrar, mas, também, gerar um maior interessante do público na obra e uma fidelização para com ela. Para os produtores se torna importante conhecer essas novas ferramentas narrativas e utilizá-las de uma forma atrativa, criativa e bem elaborada.
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