CinemaScope: Analizando Zack Snyder

Com a chegada de Sucker Punch nos cinemas e A Lenda dos Guardiões em DVD e Blu Ray, o Cinemascope de hoje vai falar sobre Zack Snyder. Pra quem espera só slow motions e ”visionárias” classificações, vai ver muito mais do que isso abaixo.

Bem, antes que comece: sou muito fã do cara, e minha intenção aqui vai alem de falar das cenas de slow motion ou (não) dizer que ele é visionário, uma classificação genérica de Hollywood que virou chacota entre fanboys por causa da adaptação de Watchmen, filme do qual já falei, e muito, anteriormente. Mas numa Hollywood que cada dia é mais complicado vermos criações originais nas telas (apesar de que no fundo amamos ver certas franquias na telona), Snyder se sobressai com obras não só ricas visualmente, mas que em certos pontos em comum mostram o estilo e temas que o diretor gosta de abordar,e faz isso muito bem, obrigado.

Alem do fato de trazer certas historias e gêneros de volta a ativa, não só ajudando a tornar as adaptações em quadrinhos mais adultas mas também como um dos responsáveis pelo BOOM dos zumbis nesta ultima década, tirando até George Romero da aposentadoria. Um diretor que, como a maioria de sua geração, é influenciada não só pelos filmes, mas por toda uma bagagem de cultura pop constantemente crescente, além de uma noção artística forte, mas sem esquecer a historia.

Slow Motioooooooooooooon

Uma das marcas mais reconhecíveis do diretor é o slow motion. Como ele foi durante boa parte da sua carreira um diretor de comercias, então esse é um recurso que funcionava para a Tv. Mas no cinema é que ela teve sua utilização expandida, e em cada filme com um motivo diferente. No Madrugada dos mortos era para aumentar a tensão em certos momentos, quase nunca usado durante o filme inteiro.

Mas foi em 300 que ele achou um uso exato para a técnica, no caso para deixar viva as cenas pintadas por Frank Miller.

E em certas cenas ele usa para também tornar rítmica e multi-dimensional a própria arte grega em si, já que pinturas em vasos eram utilizados não só para enfeite, mas também para contar historias, qual foi transposto no filme na primeira batalha dos 300 contra os Persas, quando Leônidas derruba vários soldados em closes sem cortes.

Em Watchmen novamente a técnica é utilizada para dar vida a quadros e momentos icônicos da HQ, traspondo em sensações visuais aquilo que os olhos percorrem quando a gente vê as imagens.

Mas só foi em A Lenda dos Guardiões onde a técnica se uniu a idéias do roteiro. Se no caso estamos mostrando a trama do herói, num mundo onde as historias são passadas por via oral e especialmente por imagens, especialmente entre os mais jovens, os momentos em slow motion são usados como aqueles que serão repassados para as futuras gerações (e entre os espectadores) como os momentos marcantes daquela historia, como uma pintura explicando sobre um fato ou acontecimento.

Testemunhas da História

Algo comum nos filmes de Zack Snyder é que a trama não se passa em um momento qualquer, ou em um cenário isolado. Dentro daquele mundo, o que acontece são momentos históricos importantes, e seus personagens, se não fazem parte diretamente dos eventos como modificadores, acompanham tudo como espectadores.

No começo, temos o grupo de sobreviventes de Madrugada dos Mortos tendo como única comunicação com o que acontece fora do shopping via TV, e é a partir dela que eles se informam sobre como matar os zumbis, e os diferentes pontos de vista das pessoas e como isso os influência, do ponto de vista moral, religioso e político. As formas de comunicação são tão importantes que nos extras deste filme temos o vlog de Andy(Bruce Bohne) e num apanhado de um noticiado local para aumentar não só a sensação que aquilo é real, mas de fato explorar aquele mundo e transformar aquilo num documento histórico.

Pulando para Watchmen, numa época onde a propaganda viral aumentou e muito, temos não só amostrar jornalísticas daquele mundo dentro e fora filme, mas também uma noção de como aquela socieddae se comporta, seja com o game 8-bits dos Minuteman, seja com o site oficial das Industrias Veidt, ou do jornal New Frontier. Dentro de Watchmen (como filme), temos duas fontes de noticias: uma mais singela, pelos jornais (em papel ou televisivos) com informações sobre como a guerra anda, além de pequenas informações extras sobre a influências dos heróis naquele mundo, seja na entrevista de Veidt a revistas, ou livro/documentário Under The Hood e na cena de abertura. No caso, a banca de jornal de Bernie faz o papel dentro do filme de mostrar as reações do homem comum dos que os heróis fazem no dia a dia.

Em 300 e Lenda dos Guardiões, não temos TVs e jornais, mas livros e especialmente o papel de contadores de historias. Temos em Dilios (David Wenham) a responsabilidade de não só contar a historia para s tropas e o governo, mas também ser a voz de inspiração para que a vitória seja garantida.O bacana na HQ, e que foi bem mostrado bem no filme, é que por ser uma historia narrada para animar as tropas, você nunca sabe de fato o que é real e imaginário no filme, mas no momento que ela é contada e vivida/vista pelos guerreiros/publico, ela se torna real e oficial.

Em “A Lenda dos Guardiões”, por se passar em um mundo medieval (e habitado por corujas) a maioria das hsitorias são contadas de pai para filho,e utilizando muito desenhos e outras imagens visuais para isso. Ezylryb (Geoffrey Rush), que já foi herói de guerra e hoje em dia cuida da biblioteca histórica do mundo e da ordem dom qual pertence, é outro exemplo de personagem comunicador-modificador dentro dos filmes de Snyder.

Sua participação além de mestre e guerreiro, e também ser a prova viva daquela historia, que diferente de 300, quebra a expectativas não só do herói principal mas do publico quanto a veracidade dos fatos e a capacidade dele fazer as coisas descritas. No caso Ezylryb não só um representante daqueles acontecimentos, mas a ultima chama de um movimento com sobrevida, e vê nas novas gerações uma oportunidade de voltar aos tempos de glória.

O(s) caminho(s) do(s) herói(s)

Também uma presença constante nos filmes do cara é a presença do arquétipo de herói,seja ele usando collant ou não. No caso ele explorou varias facetas do que significa ser um herói,e dentro delas é apresentada algo que esses heróis tem que estar preparados: o sacrifício deles, ou dos outros,para um bem maior. No caso, as facetas e sacrifícios são mostrados melhor nos 3 primeiros filmes do diretor, já que A Lenda dos Guardiões mexe mais com os princípios básicos do herói e sua jornada.

No caso de Madrugada dos Mortos e sua mini sociedade forçada, os heróis principais são Ana (Sarah Polley) e Michael (Jake Webber), que dentro da mini-sociedade forçada que vivem, são os que tem a voz de comando ali dentro, entre egoístas, ignorantes e pessoas amedrontadas. Eles no caso são as vozes da razão, que busca fazer que cada um faça o necessário para sobreviver. No caso eles começam a ter um romance, no qual no momento de resgate Michael é mordido para que Ana e os poucos sobreviventes possam chegar até o mar, onde teoricamente a liberdade estaria presente.

No caso, para não se tornar aquilo que se enfrenta, Michael se mata, mas garante a salvação dos outros, assim como CJ (Michael Kelly) , que via na responsabilidade de segurança do Shopping de manter aquilo seguro para dar desculpa de seu próprio isolamento, e depois por questões de sobrevivência, finalmente começa a fazer seu trabalho pra valer, assim como Kenneth (Ving Rhames), o policial egoísta que ao compreender que existem coisas piores que a morte, passa a se tornar a pessoa de confiança do grupo, além de estrategista.

Heróis que se sacrificam ao extremo por um ideal também são apresentados em 300, mas diferente do homem comum que precisa ir além da suas capacidades. Os soldados de Esparta são treinados para fazerem e serem os melhores e morrer em batalha se possível, impedindo assim que o exercito de Xerxes (Rodrigo Santoro) avance as terras gregas e dando tempo até que a rainha Gorgo (Lena Headey) possa convencer seu governo a preparar o exercito e ir a guerra. Gorgo também é uma heroína dentro do filme, já que busca correr atrás daquilo que o governo de Esparta, manipulado por , saia e faça do sacrifico de poucos a força de muitos.

Em Watchmen, baseado numa HQ que já vem com a idéia de desconstrução dos super heróis conhecidos, mostra os extremos e humaniza no os tipos de personagens que a anos acompanhamos.No caso do filme é interessante citar Ozymandias (Matthew Goode), onde muito de sua personalidade foi misturada a do Capitão Metropole, onde além, de termos um homem com uma visão futurista para a humanidade, vendo possibilidades de um mundo livre da dependência do petróleo (e de poder controlado) decide começar uma grande estratégia onde usa o praticamente Deus Dr Manhatthan (Billy Crudup) como aquilo que aos olhos do governo ele sempre foi: uma arma. Como o Comediante disse uma vez, foi mostrando o horror da guerra nuclear aos humanos, mesmo ao custo de milhares de vidas, que Adrian Veidt e de certa maneira os super heróis, salvaram a humanidade, evidenciado pela parte quando a conversa entre Adrian e o Doutor acontece no fim do filme “Graças a você eu consegui salvar o mundo” e quando logo após ele fala” Nós conseguimos” a câmera muda de ângulo mostrando todos os heróis presentes, mostrando que no fim das contas o plano do cara se concretizou: os heróis salvaram o mundo .

Em A Lenda dos Guardiões, temos um exemplo de bom trabalho feito com a clássica “jornada do herói”, onde temos Soren (voz de Jim Sturgess), posto em uma situação onde ele é a única esperança do mundo onde vive, e que terá de encontrar os Guardiões de Ga’Hoole para ajudá-lo a enfrentar “os Puros”. Ele vai conhecendo outras aves pelo caminho que o ajudaram a formar sua equipe de batalha e todos com classificações bem definidas dentro dela.

O que o futuro lhe/nos reserva

Bem, nos próximos trabalhos do cara, a maioria desses sem data pra sair e nem todos dirigidos por ele, temos (de acordo com o IMDB):

Army of Dead: filme do qual ele escreveu e produzirá, sobre um pai que quer salvar a filha que está numa Las Vegas dominadas por zumbis, acompanhados de bandidos que querem saquear a grana dos cassinos.

Heavy Metal: Adaptação da revista Cult de ficção cientifica, dirigirá uma das esquetes do filme, junto com gente do gabarito de David Fincher, Gore Verbinski , James Cameron e Riddley Scott.

Cobalt 60: outra adaptação de HQs, dessa vez uma historia underground de vingança e vigilantismo num mundo de mutações. Você pode saber mais sobre ela aqui.

The Illustrated Man: remake do filme de 1969 que junta micro-historias do escritor Ray Bradbury, criador de clássicos como As Crônicas Marcianas e Fahrenheit 451.

The Last Photograph: baseado na trama criado por Zack Snyder, fala sobre dois homens e o fotografo que os resgatou durante o Afeganistão infestado pela guerra.

Illusions-The Adventures of a Reluctant Messiah : baseado no livro de Richard Bach. Usado como metáfora pelo escritor pelo sucesso que fazia,a historia mostra dois homens que se encontram no meio do deserto e começam a discutir e relembrar o que eles fazem de suas vidas e de como as mentiras do mundo servem para nos reconfortar.Ou algo do tipo.

Superman The Man of Steel: Preciso mesmo falar alguma coisa sobre isso? Novo filme do Homem de Aço que tentará trazer o personagem de volta ao mainstream.

Bem, acabei por hoje. Meu review de Sucker Punch deve sair no começo da semana, porque no próximo CinemaScope teremos o classico filme alemão e pai de toda ficção cientifica no cinema METROPOLIS: Versão Estendida e Restaurada!

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