Uaréview
Por Marcelo Soares
Quando o mangá dos Cavaleiros do Zodíaco terminou ao fim da chamada Saga de Hades, onde os Cavaleiros de Athena derrotam o deus do mundo inferior, uma frase dita pelo vilão atiçou a curiosidade dos fãs e criou um grande gancho. Antes de ser derrotado por Seya, Hades diz que se lembra de outro Cavaleiro de Pegasus que teria o derrotado na última Guerra Santa.
Para quem acompanhou os mangás e animes da franquia de Masami Kurumada, já se habituou às várias referências a essa tal Guerra Santa acontecida 300 anos antes do inicio da história original. Depois de anos de exploração do material inicial, com filmes e histórias laterais (a mais famosa sendo Gigantomaquia), e os fãs sempre pedindo mais e mais, Kurumada decidiu retomar os trabalhos com os seus mais famosos heróis. O autor mostrou toda sua safadeza editorial (uma versão japonesa do Quesada diríamos) e lançou não só a continuação como também o prequel, e pior, não só em uma revista mais em duas.
Em 2006 estreava no Japão o mangá Saint Seya: The Lost Canvas – O mito de Hades, narrando a batalha dos cavaleiros de ouro, prata e bronze, contra Hades em 1743, quando personagens conhecidos dos fãs como Dohko de Libra e Shion de Áries possuíam apenas 17 anos. O mais engraçado é que meses antes da estréia de Lost Canvas o próprio Kurumada tinha feito o mangá Next Dimension, onde narrava os mesmos eventos de Lost Canvas, ocorrendo, no entanto, algumas diferenças. Os dois mangás contam a mesma história, mas sob pontos de vista e nomes de personagens diferentes, nos dois vemos a Guerra Santa contra Hades de 1743, porém, em Next temos também a continuação da série clássica. Complexo hein?
Bem, aqui falarei só sobre Lost Cavas, especialmente sobre o anime que assisti há pouco tempo e confesso: não dava nada por ele, mas, me surpreendi.
No dia 01 de dezembro de 2008, foi anunciado mundialmente pela revista Shonen Champion que Masami Kurumada, em parceria com a Tokyo Movie Shinsha, iria produzir episódios animados baseados no mangá. Assim, no novo seriado vemos o antigo Cavaleiro de Bronze de Pégasus, Tenma, órfão, que morava no mesmo orfanato de Alone, o hospedeiro de Hades na época, e Sasha, a reencarnação de Atena.
Agora com Lost Canvas vinha a promessa de responder algumas pontas soltas e até perguntas até nunca feitas, como o por que de Aldebaran de Touro usar esse nome e a desconstrução interessante do clichê de inimigos que são irmãos – Atena escolhe nascer como irmã de Hades para poder intervir na sua ressurreição por estarem mais próximos um do outro.
A animação é algo a parte. Acho que deve ser a melhor feita para a franquia – gostava muito da animação do inicio do anime do Episodio G, porém, depois perdeu qualidade – as lutas são mais diretas, todo o enredo é mais objetivo e várias coisas acontecem em pouco tempo, sem a enrolação que a série clássica tinha. Um dos grandes atrativos para quem é fã é poder ver o uso ao máximo dos poderes dos cavaleiros de ouro e um tom mais sério aos episódios, além de maior exploração da mitologia grega e da própria série.
Um dos pontos negativos do anime é os personagens principais serem muito parecidos com os da série clássica. O Tenma é o Seya tanto fisicamente quanto em personalidade, a Sasha é idêntica a Saori, tirando isso, o anime conseguiu a proeza de diminuir o melodrama romântico – mania em produções japonesas – dar profundidade a personagens coadjuvantes e motivações além da batalha para eles, dando, assim, um ritmo bem mais cativante.
O nome The Lost Canvas pode ser entendido como A Tela Perdida, pois o plano de Hades na referida época é usar os talentos artísticos de Alone para destruir a Terra: quando Alone terminar de pintar o seu quadro, o mundo cairá nas trevas. A nova história já rendeu até uma publicação lateral chamada Albafika – Elo Vermelho, a história da origem do Cavaleiro de Ouro Albafika de Peixes e de como seu sangue ficou venenoso. A história é contada em um áudio lançado em 2010 como extra para quem adquiriu os 6 primeiros OVAs do anime.
Para quem é fã, e aqueles que não são, mas querem ver qual a da nova saga, Lost Canvas segue uma vida própria, isto é, não precisa ter visto tudo que já saiu de Cavaleiros do Zodíaco para acompanhá-lo. A primeira temporada teve 13 episódios e ainda promete muitas aventuras para Os Cavaleiros de Athena.
Os Cavaleiros do Zodíaco – The Lost Canvas
Episódio 1 – Parte 1
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