Momento Uarévaa
Por Marcelo Soares
Patrice Kollifer (Foto: Marcelo Soares) |
O suor me corria o rosto em decorrência do calor excessivo naquele ambiente que era uma loja de venda de histórias em quadrinhos, localizada em uma esquina que tinha como nome o número 200. A loja tinha em sua fachada escrita o nome Comic House, e naquela noite de quarta-feira – disposta no calendário oficial mundial como um dia chamado 03 de novembro – realmente parecia uma casa, daquelas que vive repleta de visitantes indo e vindo, apertando a mão do dono, conversando na sala de estar e bebendo uma típica caipirinha brasileira.
Mas, contra tudo que poderia parecer, ali era uma loja e tinha um convidado muito especial hospedado nela. Sentado em uma cadeira posta detrás de um banco de corredor, vestido com uma camisa multicolorida estava Patrice Kollifer. Me deparei com o desenhista assinando, quer dizer, construindo uma assinatura em forma de desenho no livro Quando tem que ser, lançado pela Marca de Fantasia, do multi Henrique Magalhães. A cada novo livro para ser autografado, um desenho único era feito, único como o francês que ali via com um cigarro na boca, um copo de caipirinha do lado e um bom humor afiado.
Henrique Magalhães (a esquerda) e G G Carsan (a direita)
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Dentro da loja os visitantes proseavam sobre inúmeros assuntos. Passeando entre os indivíduos colocados entre estantes repletas do bom e velho “gibi” pude conferir um senhor de chapéu de comboy falando sobre uns desenhos em cima de uma mesa, soube logo depois se tratar de um comboy fã de outro da sua mesma espécie: G. G. Carsan, autor do livro Tex no Brasil – o Grande Herói do Faroeste, rodeado por curiosos pelos desenhos em preto em branco de tamanho gigante em suas mãos.
Do lado de fora do recinto um garoto recebia ansioso um desenho especial feito pelo francês, com ares praieiros, para ele. As unhas ruídas e os olhares curiosos. Curiosidade era muito o que se via ali, ouvidos curiosos pelos sons de um idioma francês, considerado por uns charmoso e por outros difícil de entender.
Comic House (Foto: Marcelo Soares) |
A noite transcorreu entre o som de rabiscos em papel, vozes no ar entrecortando-se e um calor que me fazia escorrer suor na testa, mas não só um calor temporal, mas um calor humano, de pessoas conectadas por quadros em seqüência que contam uma história, por uma arte centenária e ao mesmo tempo tão nova que promove momentos especiais em uma noite quente de meio de semana.
PS: Resenha bem atrasada eu sei, mas logo virá uma outra sobre a noite de autografos de Daniel Galera e Rafael Coutinho, autores de Cachalote – essa tenho para pedir meu autografo (risos). Aguarde, menos dessa vez espero, e confie.