Especial “Como fazer Tiras?” – Entrevistas #3

Fala, molecada!
Continuamos nossa saga de entrevistas com os melhores roteiristas/desenhistas nacionais!
Depois da entrevista com o Cadu, que você viu por aqui, agora é a vez dele… o cara que fez todo fã do Homem-Aranha relembrar a boa fase do personagem através de tirinhas inteligentes, bem feitas e sensíveis.
Tô falando do Vitor Cafaggi, o criador de Puny Parker (ou o Pequeno Parker), o personagem que é uma homenagem ao herói da Marvel, mostra em seu trabalho um aspecto bem diferenciado no que se refere à tiras.

Então, pequenos padawans, vamos à entrevista!

Ah! É bom lembrar antes que ele também foi o responsável por uma das grandes histórias que compõe o álbum que homenageia Mauricio de Sousa.

Conversei com o Vitor sobre seu trabalho e você confere agora o bate-papo que tive com esse grande artista!
1) Além de homenagear o Homem-Aranha, Puny tem um traço bem característico, lembrando muito as tiras dos Peanuts, feitas por Schultz e com um pouco da “alma” de Calvin de Bill Watterson, não é mesmo? Você se baseou nesses grandes mestres pra produzir as tiras? Como foi que o Pequeno Parker “nasceu” na sua cabeça?
Vitor Cafaggi – Não sei exatamente de onde surgiu a ideia. Não houve um momento específico que eu me lembre como sendo o da criação dele.
Acho que o Puny é uma mistura de tudo o que eu gostava na minha infância nos anos 80. Eu lia as revistas do Homem-Aranha, as tirinhas do Calvin, assistia o desenho do Charlie Brown na TV, ia ao cinema para ver De volta para o Futuro, Os Goonies e os filmes do Stallone.. acho que a ideia não surgiu.. ela sempre esteve aqui comigo!

No final, acho que ficou bem forte essa influência do Schultz e do Bill Watterson nas tirinhas. Hoje, para mim, nosso jovem Peter Parker é um menino muito parecido com o Charlie Brown (tímido, azarado, apaixonado..) que vive uma vida parecida com a do Calvin (tem problemas com valentões na escola, tem uma imaginação muito fértil e figuras paternas bem marcantes).

2) Qual era a intenção no começo e o que você sente que mudou depois de mais de um ano de produção? 
Vitor Cafaggi – Quando eu comecei a fazer as tiras semanais meu objetivo principal era me condicionar a desenhar sempre. Muitas vezes a gente tem ideias que não coloca no papel, ou ideias que começamos e nunca terminamos por falta de tempo ou mesmo por preguiça. Quando fiz a segunda tirinha do Puny decidi que faria isto semanalmente. Comecei colocando as tirinhas no Orkut e avisei aos amigos que ia fazer isso toda semana. Dessa forma eu meio que me obriguei a manter essa produção semanal de tirinhas.
Depois disso, outras pessoas conheceram a tirinha, eu fiz o blog e hoje, pouco mais de um ano depois, eu cumpri esse objetivo: desenho melhor do que desenhava há um ano, o Puny me trouxe outros projetos e a receptividade à tirinha foi ótima!
 

3) Você pensou num público-alvo para essas tiras? 

Vitor Cafaggi – Quando eu comecei a fazer essas tirinhas, minha idéia era ‘tirinhas feitas por um fã do Aranha para os fãs do Aranha’. Esse sempre foi meu público-alvo, os antigos leitores do personagem.
4) Como é a produção dessas tiras. Você as roteiriza antes de desenhar? 
Uma vez que eu já estou com a idéia da tira pronta na minha cabeça, eu faço apenas um rascunho antes de desenhar cada tira. Esse rascunho me ajuda a visualizar a tira antes de desenhar, eu vejo de quantos quadrinhos eu vou precisar e o que acontece em cada um deles.

5) Você adiciona algumas “curiosidades” depois das tiras. Achei um recurso fantástico e bem diferente. Necessariamente, para o leitor, não é preciso recorrer a esse recurso para entender a piada, mas você acha que se a tira fosse publicada em jornal ou revista, o fato de não existir esse recurso, prejudicaria seu trabalho final?
Vitor Cafaggi – Nunca pensei nisso.. na verdade, eu nunca pensei em publicar Puny Parker em jornais ou revistas. Como eu disse, o público-alvo são os fãs do Aranha, mas muita gente que conhece o personagem apenas pelos filmes tem lido as tirinhas (o que é bem legal). Eu escrevo as curiosidades principalmente pra essas pessoas e às vezes escrevo também sobre algum detalhe escondido que possa passar desapercebido ou mesmo sobre o processo de criação daquela tira. 
 
6) Além de se utilizar da cultura pop e de ser um profundo conhecedor do herói da Marvel, vc se espelha em algum fato da sua vida pra criar situações na vida do seu personagem? Qual é a mensagem que vc espera passar nas tiras?
Vitor Cafaggi – Sim, várias situações vividas pelo Puny são inspiradas em minha infância. O fato é que eu leio os quadrinhos do Aranha desde que tinha sete anos. Isso me acompanhou pela minha vida inteira. Posso dizer, sem exagero, que muito de quem eu sou, minha personalidade e dos meus valores eu aprendi nas histórias desse personagem. Tendo essa identificação, sinto que nas tirinhas do Puny Parker posso colocar experiências pessoais porque sei que vão se encaixar com o que o personagem representa.
Pra mim, os temas principais em Puny Parker são a história de amor (platônico) entre ele e a MJ e a vida dele em família. Muitas vezes eu até deixo a piada de lado em uma tira ou outra pra poder trabalhar melhor esses dois temas.
 
7) Qual é a dica para o leitor que tem interesse em fazer tiras? 
Vitor Cafaggi – Desenhe sempre, todos os dias. Pense sobre qual seria o tema das suas tiras, quem são os personagens que aparecem nela.. o que esses personagens querem, quais são suas características mais marcantes.. Uma vez que você criou a tira tenha sempre ela em mente.. desse jeito, a todo momento você vai ter idéias para novos episódios.
8) Conta como foi que você teve a idéia de fazer “produtos” como o cd com a “trilha sonora” das tiras e Cubeegrafts dos personagens.
Vitor Cafaggi – Eu não queria deixar o blog parado durante as férias do Puny. E, como eu sempre gostei de pensar nas tiras como um seriado com temporadas definidas, pensei que seria legal termos alguns extras, como se fosse um DVD. Pensando nesse lado seriado do Puny, a trilha sonora era um extra indispensável. Os cubeecrats são pra aqueles que adoram colecionar bonecos (como eu) e os outros extras serviram mais como curiosidade mesmo.
Fiquei sabendo que o Wallpaper fez bastante sucesso e hoje, sempre que vão falar sobre o Puny em outros blogs eles usam essa imagem pra ilustrar o texto. 
 
9) Em pouco tempo, seu personagem se tornou hit na internet, te premiando, na minha opinião, com um dos melhores presentes que é participar de uma comemoração como a de 50 anos do Mauricio de Sousa. Como você está se sentindo agora com tudo isso acontecendo? 
Vitor Cafaggi – Como eu disse, a receptividade com as tirinhas tem sido ótima, muito além do esperado e eu fui convidado pra participar de outros projetos como o Pequenos Heróis e o MSP 50 graças ao Puny. Devo muito a ele. Esse convite para participar do MSP 50 foi o máximo!
A chance de criar, escrever e desenhar no meu estilo uma história do Chico Bento foi uma surpresa gigante. Digo sem exagero que foi o primeiro grande sonho da minha vida realizado. 
 
10) Você gostaria de deixar alguma mensagem, recado, jabá, etc? 
Claro! Jabá time!
O MSP 50, o livro em comemoração aos 50 anos de carreira do Maurício de Sousa, sai agora em setembro (essa entrevista foi realizada em Agosto), em breve nas bancas teremos Pequenos Heróis e continuem acompanhando as aventuras semanais do Puny! Valeu, gente!
 
Não perca por nada desse mundo o próximo capítulo!
Fiz uma entrevista hilária o autor Benett, e o cara é muito louco!
Será a última entrevista da série, por enquanto! Então, esteja aqui!
Para saber mais acesse: 

http://punyparker.blogspot.com/ 

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