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Horror em Amityville – Da ficção para a realidade

“Quando o corpo sofre…
O espírito amadurece”

Horror em Amityville


Estados Unidos, 1974. Um jovem chamado Ronald DeFeo assassina brutalmente sua família (pai, mãe e quatro irmãos) com uma espingarda, enquanto dormiam em suas camas. O brutal crime aconteceu em uma casa situada na cidade de Amityville, Long Island. Ao ser questionado, sua explicação para a chacina é que estava agindo segundo a orientação de uma voz misteriosa que ordenara os assassinatos. Um ano depois, em 1975, a imensa casa recebeu novos moradores, a família Lutz, formada pelo casal George e Kathy, e os três filhos pequenos. Depois de apenas 28 dias, eles fugiram desesperados alegando a existência de entidades malignas assombrando a casa.

Esta é, acredite se quiser, uma história real. Ou, como todos os casos sobrenaturais do mundo real, pelo menos é o que dizem muitas pessoas. Na época do suposto ocorrido, o caso foi vastamente documentado em jornais, revistas e TV. E, em 1977 Jay Anson publicou um livro chamado Horror em Amityville, que logo se tornou um Bestseller e um clássico do gênero.

No livro de Ansen, a narrativa segue a trajetória da família Lutz, quando estes se mudam para a casa em Amityville, e os estranhos incidentes que passam a presenciar e sentir enquanto moraram na casa durante 28 dias e é uma narrativa deveras apavorante. Altamente recomendável.

Mas ao mesmo tempo em que vendia como água, Ansen também teve que ouvir muito de seus detratores. Sempre houve uma corrente de pessoas que questionaram a versão da história contada pelos Lutz, e as décadas que se seguiram após os eventos na vida real ficaram mais parecidos com um thriller de tribunal do que com uma história de terror. Entre testemunhas duvidosas, aproveitadores, processos judiciais e os próprios envolvidos, a história atingiu proporções de mito, de forma tal que ainda hoje é difícil distinguir os fatos narrados pelos Lutz dos eventos descritos no filme e do que realmente aconteceu – se é que aconteceu.

Existem contradições em relação ao período em que os Lutz permaneceram na casa (o livro diz que foram 28 dias, enquanto os vizinhos afirmam terem sido menos de 10). Céticos afirmam que a família Lutz abandonou a casa para se livrar da hipoteca após a falência de seus negócios.

Quanto à alegação de que as forças sobrenaturais fizeram com que DeFeo cometesse o assassinato de sua família, revelou-se que seu advogado o teria convencido a dizer que ouvira “vozes”, numa tentativa de alegar insanidade mental. No início, DeFeo teria se recusado a participar de qualquer processo que colocasse sua sanidade em questão, mas, aparentemente, teria concordado após o advogado lhe prometer que aquilo poderia resultar num lucrativo negócio após o livro ser publicado. De fato, foi um grupo indicado pelo advogado que inicialmente entrou em contato com a família Lutz para discutir sobre um possível livro. Quando a família Lutz, em busca de lucros maiores, desfez o acordo com o grupo de Weber e optou pelo autor Jay Anson, o advogado anunciou: “este livro não passa de uma farsa. Inventamos esta história de terror em meio a muitas garrafas de vinho”.

Essas afirmações podem ser mágoas de um ex-sócio, mas há ainda a (falta de) credibilidade do padre, que no livro foi chamado de padre Mancuso. Existem muitas contradições entre o que foi relatado no livro de Anson e o que foi dito por George Lutz num processo civil contra o advogado do assassino. A família Lutz realizou uma tentativa de processo contra ele por invasão de privacidade após este ter publicado artigos sobre os acontecimentos na casa.

Em documentos oficiais, o padre admite que não conhecia a família Lutz antes de se mudarem para Amityville e que, de fato, não teria estado na residência da família, mas sim, teria feito contato através de ligações por telefone. Numa carta endereçada ao escritor Ric Osuna, (The Night the DeFeos Died) em 2002, a Diocese Católica declarou:

“a Diocese mantém a afirmação de que a história é um relato falso. Em novembro de 1977, advogados da Diocese prepararam uma lista substancial, que seria enviada à editora que publicara Horror em Amityville de numerosas imprecisões, referências incorretas e falsas declarações relativas aos eventos, de pessoas e acontecimentos que nunca aconteceram”.

Então essa história foi tudo mentira? Bom, os assassinatos realmente ocorreram. E, estando o padre envolvido ou não em uma das maiores farsas sobrenaturais de todos os tempos, ou tendo sido tudo isso uma tentativa de protegê-lo por parte da Igreja Católica, George Lutz afirma até hoje que os fatos aconteceram. Vai de cada um acreditar na história ou não.

P.S.: Agradecimentos ao site How Stuff Works, de onde eu tire boa parte dessas informações.

Na próxima Madrugada:
Uma história de sucesso como essa não ficaria apenas nos jornais, documentários e livros. Na próxima semana, Horror em Amityville – Da realidade para a ficção.

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“Moderadores da linguagem, fotógrafos, anotadores de diáriosVocês e suas memórias estão mortos, congeladosPerdidos num presente de passagem que nunca páraAqui vive a encarnação da matériaUma