Dia dos namorados, você aí pensando na garota gostosinha da escola que queria pegar, ou tem sua própria musa perto e quer algo bonito para ler nesse dia? Pois o Uarévaa traz uma dica de HQ para resolver seus problemas: Como matar seu namorado (1995) de Grant Morrison.
A história traz uma garota entendiada e um cara sem rumo, quando os dois se encontram, dividem uns goles de água e decidem dar um jeito na chatice da vidinha dela, a começar pelo totem de caretice que é seu namorado, um gordinho que prefere se masturbar diante de filmes pornôs a desvirginar a mocinha.
Depois de assassinar o garoto, os dois partem para uma aventura que envolve transformismo, drogas, bissexualismo, música eletrônica, pop art, assaltos, suicídio e infanticídio. Algo bem romântico e leve para um dia como 12 de Junho não?
A história saiu no Vertigo Voices, uma coleção que era o lado B dentro do lado B da DC Comics, o selo Vertigo. Mais do que um marco para os quadrinhos, Kill Your Boyfriend (título em inglês) merece espaço no hall da cultura pop. Foi produzida simultaneamente com os filmes Natural Born Killers e Pulp Fiction, e transita no mesmo universo.
Mais que coincidência, o dado mostra um reflexo do espírito daqueles tempos nas três obras. E, por vezes, esta HQ é mais radical. O ritmo é doentio, os coadjuvantes são deliciosos, o desenho é impecável, mas é nas frases e nos diálogos de Morrison que estão os grandes momentos. Tudo que é dito é imediato, espontâneo e decisivo – o que acabou rendendo um delicioso site de citações randômicas na internet.
Pena a versão brasileira, publicada em 1999 pela Tudo em Quadrinhos, não ter todo o brilho do texto do inglês maluco. A começar, repare no título: em inglês, é direto, como um soco – “Mate Seu Namorado”. Em português, ganhou ares de manual, o que é exatamente o oposto do que a HQ recomenda: se você quer fazer, vá lá e faça. Então nerd solteiro que prefere ficar na frente do PC vendo pornografia, se quer uma garota para chamar de sua no dia dos namorados, siga o conselho morrisoniano: “vá lá e faça o que quer”.
P.S.: Esse review foi “inspirado” no do Universo HQ.