É possível que não exista, atualmente, ninguém mais influente no gênero de Terror que o americano Howard Phillips Lovecraft, ou simplesmente H.P. Lovecraft. Digo isso porque a geração atual, a que realmente faz terror hoje em dia – desculpem, meninas, mas não tem como considerar “Crepúsculo” uma história de terror; seria o mesmo que dizer que Zorra Total é comédia de verdade – tem como inspiração autores como Stephen King, Clive Barker e séries como Arquivo X e Millenniun, que por sua vez têm (com acento, porra, foda-se a reforma ortográfica) assumidamente um “pé” na literatura perpetrada por Lovecraft.
Para quem não sabe, Howard Phillips Lovecraft é uma americano de Providence, Rhode Island, nascido em 20 de Agosto de 1840. Criado pela mãe, duas tias e pelo avô, foi uma criança precoce e com dois anos já recitava poesias sob o pseudônimo Abdul Alhazred, que seria mais tarde um nome importantíssimo para uma de suas maiores contribuições para a literatura de terror. Se interessou pela cultura árabe, grega, pela Odisséia e aos oito anos já se enveredava pela ciência e astronomia. Teve uma infância com muitas doenças, muitas provavelmente psicológicas. Muitas de suas histórias, inclusive, são atribuídas aos freqüentes pesadelos que tinha durante sua vida.
Lovecraft nunca teve uma publicação de capa dura enquanto vivo, apenas alguns contos em revistas como Weird Tales e algumas poesias em revistas pulp e só ficou realmente famoso depois de morto, mas suas contribuições para a literatura fantástica e de terror até hoje são inspiração para outros autores, seja na literatura ou em qualquer outra mídia.
Definitivamente, Lovecraft não era um autor para as massas. Nunca fora famoso em vida, mas atraía uma enorme legião de seguidores, muitos escritores de renome com quem o autor se correspondia frequentemente. Um dos maiores méritos do autor era renegar histórias básicas de vampiros ou outras criaturas sobrenaturais, acreditando que o terror maior se encontrava no terror cósmico-científico, que tinha forte conotação psicológica – daí o termo “terror psicológico”, onde elementos como sofrimento, angústia, depressão e suicídio dão o tom e a ambientação traz o clima perturbador.
Suas maiores contribuições para o gênero foram, sem dúvida, as histórias relacionadas ao mito do Cthulhu (nunca tente pronunciar esse nome) e, dentro dela, o livro Necronomicon.
Os Mitos do Cthulhu – nomeados assim por um amigo após a sua morte, pois foi no livro “The Call of Cthulhu” que os mitos foram apresentados com maior explicação e abrangência – dizem respeito à uma vasta mitologia que inclui seres alienígenas assustadores, chamado de “the old ones”, que estavam aqui antes mesmo da criação. Seres imensos, grotescos e poderosíssimos, eles foram relegados ao obscurantismo. Há cultos que tentam a todo custo trazer esses seres de volta, mas até agora – para a nossa sorte – isso ainda não aconteceu. O mais conhecido dos “old ones” (apesar de não ser o principal) é o Cthulhu, mestre das profundezas do oceano e da mente, aprisionado abaixo do oceano da terra, onde dorme um sono profundo num ciclo de hibernação que, um dia, irá acabar. Mesmo em repouso, ainda consegue influenciar humanos mais suscetíveis. Há quem diga que o principal dom do Cthulhu é negar a realidade, ou seja, quando ele acordar…Não haverá mais nada.
Além disso, outra criação interessante de Lovecraft foi o Necronomicon, livro muitas vezes citado com um livro maldito, mas na verdade ele é apenas uma espécie de “Bíblia” sobre os seres antigos. O nome original era Al-Azif (que em árabe designava o som noturno produzidos pelos insetos que se supunha ser o uivo dos demônios), foi escrito por Abdul Alhazared, um poeta louco de Sanná, no Yemen.
Peraí, mas o livro existiu de verdade ou não?
Essa é um dos motivos pelos quais o Necronomicom é uma das maiores contribuições do autor para as histórias de terror. O mito criado sobre ele foi tão bem estabelecido que até hoje muitos juram pela morte da mãe que o livro e o autor existiu mesmo. Mas a verdade é que o livro, além de nunca ter sido escrito, é uma das criações da mente fértil de Lovecraft, e Abdul Alhazared, o autor do livro nada mais é do que o pseudônimo que Lovecraft criou quando criança. O motivo pelo qual esse mito perdura até hoje está no fato de que Lovecraft se correspondia frequentemente com outros escritores, muitos que se tornaram seus amigos íntimos, e por conta disso, passaram a compartilhar personagens e objetos em suas obras. Isso fez com que o Necronomicon fosse citado por diversos outros autores, aumentando a veracidade do objeto. Além disso, diversos filmes citaram ou tiveram como tema o Necronomicon, com destaque para Evil Dead 2 – Dead by Dawn (mais conhecido como Uma noite Alucinante 2).
Entre as principais inspirações do autor estão Edgar Allan Poe, Lord Dunsany, Algernon Blackwood, Arthur Machen e Ambrose Bierce.
Infelizmente, no Brasil é difícil encontrar os livros de HP Lovecraft, muitos vocês encontrarão apenas em sebos, sendo que apenas alguns contos (como A tumba) e “Nas Montanhas da Loucura” possuem reedições recentes. Mas, caso encontrem, é recomendadíssimo para os iniciados.
Esse foi apenas um resumo bem curto sobre a vida e obra do autor, sei que falta muita coisa, mas seria difícil colocar tudo aqui sem tornar a coluna extremamente extensa. Ao invés disso, recomendo visitarem o Site Lovecraft, maior e mais completa fonte de informações que eu encontrei sobre o autor, inclusive com e-books disponíveis para download. Por falar nisso, aí vão meus agradecimentos ao site, pois muitas das informações (e das imagens), “roubei” respeitosamente de lá.
Na próxima Madrugada:
Um autor de livros de terror desaparecido, leitores com surtos psicóticos. E uma jornada rumo aos mais assustadores pesadelos da mente humana. Um post que vai deixar você… À Beira da Loucura