Irmão Olho

Vocês sabem que toda história tem um começo (por que isso me faz lembrar Smallville?), e não é diferente com Watchmen. Assim, como toda grande obra, muitas curiosidades de bastidores existiram. E agora irei tratar de uma que sempre achei interessante, pois, mostra como não existem personagens ruins, mas sim roteiristas que não sabem o que fazer.

Em 1985, a DC Comics adquiriu a linha de personagens da Charlton Comics e durante este período Alan Moore considerou escrever uma história estrelada por uma linha de super-heróis não usada e que ele pudesse remodelar, assim como fez com sua série Miracleman no começo da década de 1980. Moore pensou que o grupo Mighty Crusaders da MLJ Comics estivesse disponível, então desenvolveu um roteiro de mistério envolvendo um assassinato, que começaria com o descobrimento do corpo do personagem The Shield em um porto. O escritor achava que não tinha importância quais personagens ele acabasse usando enquanto os leitores os reconhecessem.

Moore usou esta premissa e montou um projeto com os personagens da Charlton, intitulado Who Killed the Peacemaker?, e enviou a proposta para o editor da DC na época Dick Giordano. Giordano foi receptivo ao projeto, mas se opôs à idéia de usar os personagens da Charlton na história, ao invés disso, Giordano convenceu Moore a retrabalhar o projeto com personagens inéditos. A princípio, Moore achou que isso não proporcionaria o fator emocional aos leitores, mas depois mudou de idéia.

O desenhista Dave Gibbons, que colaborara com Moore em projetos anteriores, ficou sabendo que ele estava trabalhando em uma nova série. Ele disse que queria participar, então Moore o mandou um esboço geral da história. Originalmente, Moore e Gibbons tinham roteiro o suficiente para apenas seis edições, então compensaram interpolando os assuntos principais com temas que proporcionariam uma espécie de retrato biográfico dos personagens principais. Durante o processo, Gibbons teve grande autonomia para desenvolver o estilo visual de Watchmen, inserindo detalhes que Moore admitiu só perceber mais tarde, pois Watchmen foi feito para ser lido e compreendido totalmente somente após diversas leituras.

Coruja IIBESOURO AZUL III

Origem: Há muitos anos atrás, Ted Kord descobriu quase morto, ao impedir que seu tio destruísse o mundo, o ex-arqueologista Daniel Garrett, o primeiro Besouro Azul. Garrett passou para Kord os segredos do escaravelho que lhe conferia poderes, e assim ele se tornou o novo Besouro Azul. Apesar disso, não seguiu a carreira de herói, preferindo cuidar da empresa de seu pai; vindo que não daria certo, resolveu combater o crime, utilizando-se de sua inteligência e de aparatos tecnológicos (como seu veículo voador, o Inseto).

Semelhanças: Inteligente; usa tecnologia para combater o crime; possui uma nave voadora; usa a identidade de um antigo herói.

Dr. ManhattanCAPITÃO ÁTOMO

Origem: Nathaniel Adam era capitão da Força Aérea americana quando, certo dia, estava fazendo reparos em um míssil nuclear que disparou acidentalmente. Com a fissão nuclear, o corpo de Adam foi separado em vários níveis atômicos e reconstituído, transformando-lhe num ser invulnerável. Como o Capitão Átomo, trabalhou para o governo de John Kennedy, lutando contra ameaças comunistas.

Semelhanças: Invulnerável; adquiriu seus poderes em um acidente nuclear; foi desintegrado e reconstituído; trabalhou para o governo.

Comediante – PACIFICADOR

Origem: Cristopher Smith, nascido na Suíça, fugiu para a América com sua mãe depois que seu pai cometeu suicídio ao ser chamado para comandar um campo de concentração na Polônia. Durante a Guerra do Vietnã, da qual participou, ele bombardeou uma aldeia indefesa, foi preso e condenado a vinte anos de prisão. Ao sair, foi chantageado por uma mulher chamada Valentina Vostok para fazer parte de uma agência do governo, que mais tarde viria a se tornar o Xeque-Mate.

Semelhanças: Lutou na Guerra do Vietnã, onde fez coisas horríveis; trabalhou para o governo; violento, usa armas de fogo para combater o crime.

RorschachQUESTÃO

Origem: Vic Sage cresceu num orfanato e depois se tornou um repórter investigativo; certo dia, numa investigação, seu antigo professor Aristotle Rodor contou a ele que haviam descobrido a pseudoderme, a qual Sage utilizou para criar um novo rosto que protegia sua identidade. Esse novo “rosto” era uma máscara que deixava a pele de Sage lisa, mas permitia que ele visse e respirasse perfeitamente. Começou a combater o crime utilizando o nome de Questão, sempre procurando saber que motivos levam uma pessoa a seguir o caminho do mal.

Semelhanças: Cresceu num orfanato; utilizava uma máscara feita por uma nova substância; abordava questões filosóficas sobre o bem e o mal.

Espectral II
SOMBRA DA NOITE

Origem: Sombra da Noite era Eve Eden, filha do senador Wayne e da falecida Magda Eden, uma princesa extradimensional que veio para a Terra fugindo do diabólico Íncubus. Quando criança, Eve e seu irmão Larry visitaram a outra dimensão com sua mãe, mas os guerreiros de Íncubus mataram Magda e levaram o rapaz prisioneiro. Antes de morrer, Magda pediu a Eve que, um dia, resgatasse seu irmão. Eve preparou-se para cumprir a promessa estudando judô, caratê e jiu-jitsu. Como Sombra da Noite, ela ganhou o poder de se transformar numa sombra viva, fugindo, assim, de armadilhas e tornando-se parceira constante do Capitão Átomo.

Semelhanças: – Se tornou uma super-heroína a pedido de sua mãe; treinou artes marciais para atingir seu objetivo; parceira constante do Capitão Átomo (no caso, Dr. Manhattan).

Ozymandias THUNDERBOLT

Origem: Os pais de Peter Cannon, missionários americanos na Ásia, morreram quando ele ainda era criança. Cannon cresceu num monastério no Himalaia, aprendendo artes marciais e sempre procurando atingir a perfeição física e mental. Já adulto, passou a agir como o super-herói Thunderbolt.

Semelhanças: Seus pais morreram quando ele era criança; foi treinado na Ásia; procurava sempre atingir a perfeição física e mental.

Assim, Moore pegou personagens sem grandes feitos nos quadrinhos (e até hoje bem subproveitados) e transformou-os em ícones dos quadrinhos, é o que falta a muito roteirista hoje em dia: genialidade e criatividade.

Agradecimentos: Matéria feita com informações do site Watchmen Brasil.

Por Marcelo Soares

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