Uaréva! Uaréview Uaréview: Astronauta Assimetria

Uaréview: Astronauta Assimetria


Quando o projeto Graphic MSP foi lançado a primeira revista que veio às bancas foi Astronauta: Magnetar, um trabalho belíssimo realizado pelo Danillo Beyruth com cores de Cris Peter. Naquele momento o novo projeto de releituras dos personagens clássicos de Maurício de Sousa estava não só iniciando, mas, também, testando o mercado para aquela proposta. O acerto não poderia ter sido maior e o sucesso foi instantâneo, naturalmente não só novas obras foram pensadas e lançadas como também continuações de alguns dos trabalhos da primeira leva.

Tivemos, então, Astronauta: Singularidade, nova incursão da mesma equipe criativa da história anterior ampliando o universo criado e trabalhando outros conceitos. Fazer continuações é sempre difícil, principalmente quando o primeiro foi muito bom e bem fechado, desse jeito Singularidade não tem o mesmo fôlego de Magnetar e foi até um tanto quebra de expectativa.

Agora, todos retornam para o volume 3 das missões da Brasa e do Astronauta que resolve retornar ao programa espacial e é enviado numa missão a uma das luas de Saturno. E o que era uma simples missão de observação se transforma em uma jornada de enfrentamento e descobertas.

Pra começar, é importante apontar que o inicio da edição com a motivação do retorno do Astronauta para a Brasa, depois de uma saída ao fim do Singularidade, é corrida demais, incomoda que você mal começa a ver como é a vida dele sem o trabalho e já é jogado novamente numa nova aventura. Faltou aí ao autor um pouco mais de desenvolver essa mudança, contudo, imagino, que tenha a ver com dar mais espaço para desenvolvimento da missão em si e as questões que ele queria trabalhar.

Sobre a “Missão Saturno” temos, mais uma vez, uma ótima ideia de sci fi trazida pelo Danilo, nela nos temos uma clara inspiração/homenagem ao mestre Jack Kirby ao nos deparamos com uma entidade misteriosa que surge no local e modifica a própria realidade ao cruzar dimensões em um mesmo ponto do espaço.

Assimetria mostra bem como os conceitos criados por Kirby ainda hoje são fortes, valem e influênciam diversos autores ao redor do mundo. Tanto sua visão acerca de seres espaciais sencientes quanto em design de personagens é algo ainda bonito de se ver e Beyruth aproveita bem essas ideias pra nos brindar com belos desenhos, acompanhados da também bela colorização da Cris Peter. Infelizmente, não somos aprofundados nesses seres cósmicos, suas raízes e dons, mas entendo que a história não era sobre isso e sim sobre solidão, amor, família que são temos recorrentes nos três volumes.

É difícil fazer uma resenha sem dar spoilers ou estragar surpresas para quem ainda vai ler, o que posso dizer é que tirando algumas coisas apressadas aqui, ganchos até previsíveis ali e algum desenrolar que poderia ter sido feito no desenvolvimento da história que não foi realizado Assimetria melhora bastante o nível depois de Singularidade e chega bem perto da qualidade que vimos em Magnetar.

Ao final da revista fica claro que devemos ter um volume 04, que deverá desbravar ainda mais conceitos legais da ficção científica. Quando ele saíra, se terá a mesma equipe criativa só o tempo (e o Sidão) dirá, contudo, espero ansioso que tenhamos ainda mais desventuras espaciais do membro da Brasileiros Astronautas!

Nota: 9.0

Jornalista, Mestre em Comunicação, autor dos livros O Maior Espetáculo da Terra (Editora Penalux, 2018), MicroAmores (Escaleras, 2020) e Grãos de Areia (Urutau, 2022)

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