Uaréva! DC Comics,Seriados,Uncategorized Review do Crossover INVASÃO parte 3 –  Arrow (COM SPOILERS)

Review do Crossover INVASÃO parte 3 –  Arrow (COM SPOILERS)


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E chegamos então à terceira parte do crossover da DC na CW, que acontece no episódio 8 da quinta temporada de Arrow.

Começo confessando que não assisto o seriado do Arqueiro Verde desde o fim da segunda temporada, então não estava muito familiarizado com a situação do programa. Arrow é a único show da CW que eu realmente não consigo me apegar. A irregularidade dos roteiros de The Flash, Legends of Tomorrow e, em menor escala, Supergirl, também estão em Arrow, mas pelo menos as três primeiras conseguem me divertir.

Enfim, a terceira parte de Invasão começa mostrando de cara que Oliver Queen está preso em um tipo de realidade falsa estilo Matrix, em que logo de cara percebemos que Laurel Lance, a Canário Negro, está viva, e é noiva do bilionário. Os pais de Oliver estão vivos, Thea está feliz, Sarah nunca se tornou uma assassina de Ra’s Al Ghul e Ray Palmer é um empresário normal e está noivo de Felicity. Felicity essa que continua sendo sidekick do “capuz”, o herói da cidade, que esconde a identidade de John Diggle.

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Um mundo perfeito criado pelos vilões para manter o herói preso é o mesmo plot de um episódio da primeira temporada de Supergirl, For The Girl Who Has Everything, e ambos são baseados na clássica história de Alan Moore, Superman: Para o Homem que tem Tudo. Nos quadrinhos, o alienígena Mongul usa uma criatura que mantém Clark Kent preso à uma fantasia em que Krypton nunca explodiu e ele vive uma vida normal e feliz ao lado dos pais biológicos.

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"For The Girl Who Has Everything" -- Kara's friends must find a way to save her life when a parasitic alien attaches itself to her and traps her in a dream world where her family is alive and her home planet was never destroyed. Also, Alex, Hank and the DEO must fend off a Kryptonian attack while Kara is out of commission, on SUPERGIRL, Monday, Feb. 8 (8:00-9:00 PM, ET) on the CBS Television Network. Pictured left to right: Peter Facinelli, David Harewood, Mehcad Brooks and Melissa Benoist Photo: Darren Michaels/Warner Bros. Entertainment Inc. © 2016 WBEI. All rights reserved.

A versão de Arrow para essa trama mostra uma vida em que Oliver Queen e Sarah Lance jamais entraram jamais entraram no navio que naufragou e os deixou presos na ilha. Mas as interações entre os personagens faz com que os cinco heróis capturados – Oliver, Ray, Sarah, Dig e Thea (e todos eles estão presos na simulação) – comecem a ter vislumbres da sua verdadeira vida.

Como tudo nesse evento é corrido, não demora mais do que quinze minutos para que Oliver Queen se dê conta que há algo errado acontecendo. A felicidade geral dos personagens, com exceção de Dig, parece estranha a cada um deles, que vai despertando aos poucos. Diggle, e isso pode ter a ver com a atual situação do personagem em Arrow, é o único que parece amargurado e mais violento do que o Arqueiro Verde original.

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Interessante notar que Felicity tenta impedir que Diggle revele sua identidade pro Oliver, o que mostra que pelo menos no universo falso alguém se importa com identidades secretas.

Esse episódio tem o marco de ser o centésimo episódio de Arrow, e realmente serve como uma homenagem bastante funcional para o programa. O retorno de personagens que já morreram, o retorno ao clima da primeira temporada, tudo serve como referência aos cinco anos em que o programa está no ar.

Quando estreou, a Warner tinha acabado de encontrar uma galinha dos ovos de ouro chamada trilogia Nolan do Batman. Não é à toa que o Oliver Queen foi logo retratado como uma versão mais violenta de Bruce Wayne. Até hoje o Arqueiro Verde da série é considerado nada mais que um Batman com arco e flecha, o que não deixa de ser verdade. Toda a personalidade ácida e irônica do personagem foi abandonada para assumir uma amargurada, triste, sofrida. Muito mais frio e calculista e muito menos libertário e humanista, Oliver seguiu uma cartilha do que a DC ACHAVA ser o segredo do sucesso dos filmes do Nolan. Além disso a tônica realista tomada só foi aliviada com a chegada de Barry Allen à Starling City. Até aquele momento era inconcebível que veríamos o Arqueiro andando com uma garota que voa e solta raios pelos olhos. E é isso que talvez seja o mais interessante do episódio, pois vemos Oliver, Thea e Diggle em situações que jamais imaginaríamos, como tentando fugir de uma nave espacial. Ray e Sarah, também nascidos no programa, já mudaram isso ao se tornarem viajantes do tempo em Legends, mas ver Stephen Amell usando uma arma laser contra aliens é algo bastante curioso.

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Voltando à realidade falsa em que os cinco estão presos, claro que praticamente toda a emoção fica no protagonista, e também em sua irmã caçula. Se a dor de perceber que a vida dele não é aquela maravilha em que está inserido é difícil para Oliver, para Thea é inconcebível que eles queiram deixar aquela realidade. É a mesma ideia do bife em Matrix. Se ela sente que aquilo é real, se ela consegue sentir o perfume da mãe e o abraço do pai, porque ela iria querer voltar pra vida de merda que eles tem?

Essa realidade também, de certa forma, representa o que a vida do Arqueiro Verde deveria ser em uma série que não se baseasse tanto no Batman para existir. Menos dramática, mais esperançosa.

E que grande jogada do roteiro trazer de volta todos os vilões das temporadas para servir como empecilhos para a saída dos heróis dessa realidade. A chegada de Merlyn, Dahrk, Exterminador e os outros fecha com chave de ouro a reverência aos 5 anos de Arrow.

Porém lutas e cenas de ação podem empolgar muito, mas o foco do episódio é o emocional. A despedida de Laurel, tão maltratada no show, é fazer justiça à Canário Negro, uma personagem que deveria rivalizar em importância com o Arqueiro Verde, mas nunca foi bem utilizada e acabou morrendo de um jeito escroto.

Arrow -- "Invasion!" -- Image AR508a_0269.jpg -- Pictured (L-R): Katie Cassidy as Laurel Lance and Caity Lotz as Sara Lance/White Canary -- Photo: Bettina Strauss/The CW -- © 2016 The CW Network, LLC. All Rights Reserved.

Quase tão escroto quanto esse CG do Arsenal.

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Todo esse plot funciona muito bem ao seu propósito de comemorar o 100º episódio da série que deu origem à isso tudo que estamos vendo, mas infelizmente pouco adiciona ao crossover. Assim como em The Flash, quase nada dos Dominions ou da invasão em si foi trabalhado, além de um plano mal explicado de que os aliens queriam roubar informações sobre os meta humanos da mente dos heróis humanos. Mas isso não acontece de verdade, é apenas uma linha de roteiro justificando a abdução e o episódio em si, sem consequências reais ou visíveis para o andamento do crossover.

A fuga da nave mãe dos Dominions vale um parágrafo à parte: realmente a Warner meteu uma grana na produção desses episódios. Toda a parte espacial ficou muito boa, com efeitos sensacionais, pelo menos para os padrões televisivos, em especial ao que vamos na CW.

Vale, como quase tudo até aqui, pelo sentimento de diversão de ver esses personagens tão diferentes, que raramente se relacionam, interagindo uns com os outros e com as características tão díspares do que ocorre nas séries. Diggle e Thea andando pela Waveryder é um exemplo disso.

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Paralelamente à essa trama, vamos um subplot que é no mínimo, bobo. No intuito de conseguir descobrir o paradeiro de seus amigos, Cisco é levado por Felicity até o QG do Team Arrow, aonde ele conhece o Curtis, o Sr. Incrível, Rene Ramirez, o Cão Raivoso, e Rory, o Retalho. O trio de ajudantes do Arqueiro não somam absolutamente nada à trama além de fazer comentários aleatórios enquanto Cisco e Felicity resolvem o problema com as palavras aleatórias pseudo científicas, que são uma recorrente de todas as quatro séries. Além disso, Cisco usa seu incrível poder de vidência, que deve mostrar que na realidade ele é uma mistura dos heróis Vibro e Cigana.

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A coisa toda fica ainda mais bobinha quando a dupla do T.I. percebe que vão precisar de um artefato qualquer pra fazer sei lá o que e em três frases resolvem que precisam enfrentar uma mulher ciborgue que veio do nada e foi pra lugar nenhum também a fim de consegui-lo. Flash e Supergirl se unem então ao trio Incrível, Cão Raivoso e Retalho para invadir um complexo e pegar o aparelho, fazendo com que o Team Arrow novamente faça porra nenhuma, deixando para o velocista escarlate e a garota de aço resolverem tudo em uma das cenas de ação menos inspiradas da história da televisão.

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Aliás, quase todos os três. Retalho e Sr. Incrível realmente fazem porra nenhuma, mas o Cão Raivoso serve pra falar frases clichês e se pagar de bad boy, soltando farpas em cima da dupla de superpoderosos. Chato para caralho.

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O resultado final é bastante emocionante, e bastante inspirado, no que tange à mitologia do Arqueiro Verde no seriado. Só que não era isso que se esperava de um episódio que, teoricamente, faria parte de um grande evento sobre a invasão dos Dominions. Principalmente pela grandeza do evento em que o crossover foi baseado, pouco ou nada realmente foi apresentado até agora. Se o episódio de Supergirl não serviu nem para introdução do evento, tendo praticamente um teaser e o de The Flash não foi mais que um epílogo, o de Arrow foi quase um tie-in separado, com pouca conexão com o evento central e que não levou a lugar algum. O problema é que, diferente de um evento nos quadrinhos, não há paralelamente aos tie-ins, uma revista com a trama central. Logo, não cabe perder 40 minutos com uma trama paralela que sequer tem consequências rais no arco principal.

Serviu como um ótimo 100º episódio de Arrow, foi um desperdício de tempo dentro do evento do crossover.

PS1: Curtis faz uma piada usando E.T. e Cisco comenta o quão original é o cara da tecnologia deles fazer piadas com cinema. Bem, se tem uma coisa que as séries da CW sabem fazer é rir de suas próprias limitações criativas.

PS2: Nunca entendi a palhaçada de Arrow chamar a futura Canário Negro de Laurel Lance. Aqui finalmente, como parte da retratação com a personagem, ela é chamada pelo seu nome clássico nos quadrinhos: Dinah. E ela ainda usa um medalhão com o logo clássico da super heroína.

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E na sua opinião? Arrow – Invasion! valeu a pena?

Clique aqui para ler o review da segunda parte do crossover, em The Flash

E aqui o review da parte final, em Legends of Tomorrow

 

Designer gráfico por vocação, publicitário por formação, filósofo por piração.

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